50 mil

 

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A gente tenta

Inventa um jeito

De aguentar

A tormenta

E não inocenta

Acorrenta o discurso

Que o ódio alimenta

Atormentada nação

Que adoentada se deita

Lamenta a sorte

Imposta por lodacenta

"gente"

Despeja marrenta

No futuro que se levanta

Fim

 

                            https://distribuicao.abad.com.br/wp-content/uploads/2018/03/corda-arrebentando.jpg

Se bastasse a luta pelo pão

A desesperança ganhando chão

A vida nos pede a mão

Respira na solidão

Sonhos contidos,

Postergados

Por falta de quinhão

De opção,  da vida

Ser um não!

Chamada para o voo

Do não mais

O apito final

Tempo que acaba

E nem abri o coração

Talvez balbucie uma oração

Uma lágrima furtiva

Regue esse chão

Aja tempo

Para o perdão!

Formigas de Bacurau

 

                                                   https://wallup.net/animals-insect-hymenoptera-ants-macro/

Desde o dia 17 de Março estamos aqui!  Nossa janela e porta é a Internet. Para ser justa, minha voz também!  Tenho uma filha autista que passa boa parte do dia assistindo vídeos no YouTube. O preferido é o "Vida de inseto".

Ontem, por conta do Dia do Cinema, o Telecine fez uma sessão gratuita do filme "Bacurau". Já assistimos no cinema. Nos sentimos muito impactados e durante dias esse foi o tema de longas conversas e reflexões.
  Recentemente, em 2019, assisti "Democracia em vertigem", foi um "tapa na cara" que provocou em mim um olhar mais crítico sobre o Brasil, sobre tudo!
Minha visão  já não era o meu "mundinho", meus problemas, tudo se tornou pequeno diante da dor alheia!
Somos um povo que se fez na diversidade cultural, de histórias, de oportunidades. Para a fome marca e dita o ritmo da vida e a estrada. Trabalho é a regra e a pobreza a condição da maioria. Como as formigas do vídeo! Trabalhamos para nos alimentar e para alimentar os gafanhotos. Conformados com este "carma" . Aprendemos a não questionar o por que desta ordem das coisas.
Como em Bacurau, seguimos nossa história, sendo enganados por políticos e políticas que nos  mantém obedientes e servis, ano após ano. Trabalhando por comida, por vida!
De repente surge alguém que nos faz ter consciência de nossa situação! Prova que temos o direito de ser.  Que nos desperta para o nosso valor, nossa capacidade de mudar rumos de nossa história! Quem tira a "venda" de nossos olhos torna-se inimigo do "sistema", da ordem pré estabelecida das coisas. Aprendemos a pensar por nós e ao mesmo tempo nos outros.
Sempre tivemos de lutar contra os "gafanhotos gringos" que nos exploram, nos humilham, que nos mantém como " cavadores de terra" que não precisam pensar! Ou "latinos" nunca percebidos como iguais na mesa da riqueza!
E nossos algozes percebendo que abrimos os olhos e construímos saídas, destroem nossa autoestima destruindo nossa confiança em nós mesmos! Nos convencem que somos o que pensam e sentem por nós!
Somos mais!
Somos um povo que já nasceu resistindo. Não aceita nenhum jugo! Quilombos, capoeira e caras pintadas para a guerra dão o tom! Nossa alegria, genuína, que brota onde arrancaram lágrimas. Por que temos direito ao sol! Sol que é o mesmo para todos e todos podemos existir sem explorar, sem que muitos sobrevivam com migalhas que caem das mesas dos ditos "Senhores da vida e da morte" dos demais! Existimos e não somos descartáveis!

No fundo

                                                                                                 https://wallhere.com/pt/wallpaper/752757

No fundo
Do lago uniforme
Águas turvas, densas
Inexploradas, obscuras
Esquecidas ou negligenciadas?
Inconfessáveis segredos
Silêncio e medo
Mantém calmo
Espelho
Do céu
Fel

Longas noites, infindáveis dias

 

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Dias estranhos, 

Sem paz ao dormir, 

Sem esperança ao acordar! 

Noites de insônia

Horas de angústia

Labirintos sem fim

Sem solução

Enfim!

Sol anuncia

Outro dia, mais um dia

Muitos dias

Quantos mais?

Dias de luta

De choro, de dor

Dia de fome, de desamor

Suor arde cansado olhar

Suor alimento

Lamento

Lua encanta

Noite levanta

Suspira pronto

Reinicia

Acerto

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 Por todos que se foram, por todos que ainda vão, temos o dever moral de resistir! Hoje está claro que declararam guerra aos brasileiros! Não cabe se omitir! Nem chorar! Sob pena de contarmos os mortos e não podermos encarar nosso futuro! Desde 28 de outubro de 2018, tenho clara essa visão... Levei meses para conciliar o sono mesmo a realidade sendo um pesadelo diário! Dias estranhos, sem paz ao dormir, sem esperança ao acordar! Vida fardo! Não acredito em quem tem o comando! Nesse carro desgovernado que é o Brasil, temos de ter a hombridade de avaliar o quanto contribuímos para que saísse tanto do caminho! Hoje temo por nossos filhos! Por herdarem de nós uma dívida que vem de longe! Um mundo que está assim desde antes de eu nascer! Só que não cabe mais "passar a batata quente" adiante! Empurrar a sujeira para debaixo do tapete! A limpeza já foi muito adiada! Não queremos que nossos filhos banquem a faxina! Os ratos estão em cima da mesa!

Sabor de nós

                                                     https://buonaviapizza.com.br/wp-content/uploads/2014/07/pizza-doce.jpg

Na mesa posta
Olhos famintos
Buscam delícias de nós!
Sabemos prediletos temperos,
Receita nossa
feita a quatro mãos!
Cada um tem seu segredo
Que adiciona
Em abundância
Combinação perfeita
Manjar dos deuses
Que ao acabar
Aceita mais

Uma vez saciar! 

Picumã, pixaim

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvooMiX2yo28oGeGpWvxsbPEevlbf8nnVodtnLFqOyzSJ94vOwAd_RXnDff3KmR6gJaCOL9lBGBtV5VxaYbIY8zZgyDVrAtvC0TtMM1eeikEkavKRXomDmf0eLS0NfonhZxoAc4IxQ7uAV/s1600/1004955_280171522130700_934721808_n.jpg

 Definição:

Cabelo pixaim, carapinha, cabelo semelhante à lã, muito crespo e denso, teia de aranha coberta de fuligem, próprio de gente de raça negra. Nada poética a definição!
Os poemas quando falam da mulher, contam da brancura da tez, dos cabelos que caem sobre os ombros e as espáduas, da voz angelical, das mãos aveludadas... Difícil encaixar a beleza negra nesses parâmetros!
Começando do princípio(redundância) – o povo negro não veio de férias! Trazido por traficante de escravos como peças que seriam compradas ou vendidas como uma saca de café! Não falo da vida anterior que foi deixada para nunca mais! Pais, filhos, companheiros... no caminho iniciou-se o suplício, a humilhação, a coisificação. Nessa terra imensa, desconhecida, inóspita,
língua diferente! Alguns sobreviveram porém nem todos! Essa triste história é o cerne de toda dificuldade brasileira! Pagamos por ela até hoje pretos e brancos das classes pobres para que a classe alta (elite) se refestele! Sentados em incalculáveis poderes, senhores da vida e da morte dos pobres!
Os indígenas, desde o descobrimento, melhor dizendo a invasão, foram caçados como animais. Segundo os colonizadores, não tinham alma por não terem religião e não serem catequizados. Livres, viviam em harmonia com a natureza. Eram os habitantes da terra invadida. Então os portugueses se apropriaram do território e escravizaram, seviciaram, foram vendidos como escravos e muitos foram mortos! Os que sobreviveram ao genocídio e ainda hoje, longe do seu ambiente natural pertencem a classe pobre ou miserável!
Os brancos pobres eram os “pé no chão”, também são vítimas da desigualdade social. A elite predominantemente branca, prega a meritocracia para a ascensão social, porém com raras exceções! Esta  é formada por oligarquias construídas anos a fio, através da exploração do trabalho dos pobres, impedindo que através de políticas públicas, tenham educação de qualidade. Vitimados por doenças por falta de investimento na saúde e pesquisa. Isso acontece por 500 anos! Ainda hoje, além de doenças que têm cura e tratamento, o genocídio da população é provocado pela omissão e inépcia do atual governo, expondo 210 milhões ao abandono!
Hoje 11 de junho de 2020 o país é o epicentro mundial da pandemia de Covid-19! São 38.000 mortes confirmadas, porém a subnotificação é grande! Algumas fontes afirmam que o número de mortes pode ser bem maior... Com o tempo esse dado será notado pela proximidade das mortes! O genocídio atinge majoritariamente os pobres e negros que não tem como se proteger.
O passado vergonhoso precisa ser revisitado, entendido para que as desigualdades e o quanto 500 anos de injustiças cobram pela omissão, pela desumanidade e vidas ceifadas! Hoje segue vitimando a todos nós e nossos filhos!
Darcy Ribeiro disse: “A Crise da Educação no Brasil não é uma Crise, é um Projeto”, o obvio! Quanto mais ignorante a população, mais fácil de dominar!

Identidade cacheada

 

                                                                 https://40.media.tumblr.com/f77ff51d7d6618210c5af2b90bbad1d2/tumblr_myc7yfw6fD1rbag7no1_1280.jpg

A dificuldade de me identificar como "negra" durou até pouco tempo atrás. Desde os oito anos minha mãe deixou de lado os cachos que fazia no meu cabelo e o mantinha "domado", porém o nascimento de mais uma irmã, éramos quatro irmãos, ficou complicado manter o cuidado do meu cabelo e cuidar de mais três crianças... Desde então, reparei que achava bonito cabelos longos, talvez por que esse era o visual das meninas de minha idade, longos soltos, de "maria-chiquinha", "rabo-de-cavalo", mas meus cachos não eram "acalmados" facilmente, e minha mãe, por ter a profissão de cabelereira, dava conta do "rebelde".

Descobri que haviam produtos que alisavam e até davam um "certo" movimento e deixavam a falsa impressão de "liso". Nada é perfeito! Descobri rapidamente que o produto fedia como uma fralda suja, que deveria ficar no cabelo no mínimo uma hora... depois de lavado o cabelo - para retirar o produto e um pouco do fedor- a sessão de tortura continuava, enrolando "bobs"(acho que se escreve assim) e mais, aproximadamente, 40 minutos no secador de cabelos. Invariavelmente sentia as pontas das orelhas queimadas. Isso aconteceu pelo menos trinta anos na minha vida. Além do resultado ficar questionável, só ficava com seu melhor resultado, quinze ou vinte minutos. Depois, perdia sua naturalidade, balanço e se "ressentia" ao menor  sinal de umidade. Sei que em nome de um ideal de beleza que aprendi a perseguir desde a infância, tornei-me escrava do meu cabelo.

"Armava" a chuva, começava a preocupação em prender o cabelo. Piscina!? Só se fosse ao lado do cabelereiro. Até o suor, melava um programa. Definitivamente era custoso brigar com minha identidade e com o espelho. Às vezes me pergunto por eu me sujeitei a isso durante tanto tempo?

Derrotados, NÃO!

                                                 http://mundofrases.com.br/img/messages/voce-nao-e-derrotado-quando-perde-voce-e-derrotado-quando-desi-a.jpg

O cansaço está aí
A indignação, a frustração,
O desamparo
O dia ganha contornos de fardo
Já não encaramos
Como vida que segue!
Amanhece o dia como
Um carma:
Qual a sandice de hoje?
Nos roubaram os sonhos
A esperança está na UTI
Almas áridas
No comando
Sádicos, mal amados,
Fazem do desespero
O viver dos governados
Não deixam sequer
Que percebamos a beleza
Do céu que insiste
Em nos lembrar
Que as coisas lindas
Existem apesar de tudo de ruim
Que querem nos impor!
Cansados sim!
Derrotados NÃO!

Par de asinhas (Miguel)

                                                                   https://i.pinimg.com/originals/5c/df/4e/5cdf4e25e135d280a5a742428e292b30.jpg

 Nuvens de algodão

Acariciam inocente

Coração temendo a solidão

Buscava o carinho

O afago, o ninho conhecido

Asas solicitas e atentas

Embalam a chegada que parte!

E o sorriso travesso

De outros inocentes

Saúdam o novo coleguinha!

Outro par de asinhas!

Nunca foi segredo

 

                                              http://images.uncyc.org/pt/thumb/e/eb/N%C3%A3o_%C3%A9_o_Saitama_%C3%A9_o_Bofoy.png/300px-N%C3%A3o_%C3%A9_o_Saitama_%C3%A9_o_Bofoy.png

Aos quatro cantos

Destilava seus instintos genocidas

Seu asco por mulheres

Só via nelas depósitos de sua sujeira!

Exagero? Não! Descrição fiel!

Quem sente amor por esse ser

Vive também abaixo do chão!

Não é gente!

Negros avaliados em "arrobas"

No seu ver, preguiçosos

Pobres deveriam se esterilizados

Não deveriam reproduzir

Só valem o voto (nele)

Depois só lhes cabe a morte

De fome, de doença, de desespero

Futuro somente para alimentar

Os sanguessugas que se imaginam deuses

Aqui entre os viventes!

O ouro que ostentam

É nosso! Por direito e justiça!

Podem crer, vamos cobrar!

Quem?

                        https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/09/000_8PW9L4.jpg?quality=70&strip=info&w=920

 Quem é esse

Que ri da dor

Que não estende a mão

Que é incapaz de compaixão

                                 

Que guarda vidas em um caixão

Para os seus vendeu ilusão

Fez miserável uma nação

Semeou ódio em irmãos

Em covas planta escuridão

Roubou as cores da União!

Enfrentará colorido batalhão

Diferentes pavilhões

Juntos caminham mostrando

Direção!

Braços dados, uma convicção

Parar a morte e destruição!