domingo, 2 de abril de 2023

Recontando nossa história


                              Arquivo pessoal 

Por ter o futuro sequestrado, o corpo em "peça" transformado;  

nessa terra fomos com descuido fincados. 

Mas o tempo  que vinga a semente,

 eclode o broto, e suga da mãe a seiva, 

fez da negra planta, do chão da enxertado a vida.

Resistiu, sobreviveu, se criou.

De migalhas renasceu. 

Da vida resiliência aprendeu. 

Inúmeras  batalhas travou pois o caminho  não  escolheu. 

Se brilhou, não  seguiu o script,

A intenção  era com sua seiva alimentar  o chão.

"Negro não  aprende", 

Sua função é a força do braço, o serviço  no brilho do chão. 

O negro conheceu  as letras por intrusão. 

Para desespero  da casa grande, leu mais que o vilão!

Se nem "humano" era, não decidiu  os rumos da nação.

Seguiu comendo restos, limpando  o chão.

Dignidade era servir o agora patrão.

Unindo letras, vencendo  a fome, fugindo  da bala, do genocídio sobreviveu.

Uma fresta, a cota lhe abriu o portão. 

 Não  era o céu,  só  o paraíso  lhe  incluindo na imensidão. 

A imagem,  não  era ilusão, sua imagem várias, na Governamental constelação.

Humanos Direitos nós  temos, Raça Igual elevamos e alturas alçamos. 

Vemo-nos na propaganda,  na revista, no banner. Espaços  antes enxergados do chão.

Doutor ficou colorido e com pompa, por vezes plumado. 

Joias de contas ostentando, o Orixá sem medo reverenciado. 

Antes ainda, "gente" tornado.

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