sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Invadiu

https://disparada.com.br/ao-povo-brasileiro/amp/


 Desde que o branco

Aqui chegou e notou 

Notou inconveniente indígena 

Apossou da terra brasilis!

Trouxe o branco pobre incômodo  de lá!

Raptou o negro  para escravizar!

Muitos sobrenomes ricos para mandar!

Assim nasceu o Brasil!

Meio sem vontade de ser.

Mas de muito valor para explorar e saquear!

Realeza herdada de outras coroas,

República  copiada do lema

Francês

O povo massacrado  desde então. 

Se descobre  um País, uma Nação!

Queremos o valor dos donos da terra!

Reconhecidos os sequestrados!

E os humilhados de além-mar,

Vejam nos outros, irmãos 

No Brasil!




quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Desacostumado

            Internet


 A vida, vivida a fundo não  nos deixa acostumar!

Quando ela nos exige respostas por sermos responsáveis por outra, transformamos em luta não  em conformação! Aí o dia seguinte é fazer acontecer! É plantar e colher para os dois viver!

domingo, 19 de janeiro de 2025

Sapato usado

 

       https://www.amazon.com.br/Sapatofemininos-modernos-plataforma-feminino/dp/B0C6SJ1J76

Coração jovem ou velho

Vive profundo o querer!

O jovem com sede de provar

O disparar  do desconhecido

O apagar do poste pra selar

O primeiro!

Paixões  arrebatadoras, noites insones!

Amor aqui, ou do outro lado do mar

Sempre puder sonhar!

Mãos  dadas e volante de testemunha!

Pra ninguém esquecer, cantar "Sapato Velho",

Quero assim!

Amor maduro, sem cobrança, apenas se saber

Sonhando, fazendo, vivendo 

AMANDO!

sábado, 18 de janeiro de 2025

Nao sei

 



            Brasil247 - Aroeira

      

Estico a visão tentando prenunciar  o amanhã!

Não  o enxergo,

Talvez  por ter nos braços minha riqueza e minha razão  de ser!

Sei que no horizonte a chuva se arma e eu abraço 

Mais forte o ninho!

Não  me pergunte como, mas juro proteger mais que

A mim mesma!

Tem sido assim desde que ouvi "Mamãe"!

Me fiz, me reconstruí, me moldei nelas!

Encontrei  o fôlego do dia seguinte!

 O motivo de estar no dia seguinte. Não vai ser  um megalomaníaco e seus iguais que vão turvar o céu delas!

Por que, meu amanhã já está  solto por aí e depende 

 Do trabalho  nosso que eles  vivam o sonho deles!





sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Memória dos meus cachos

 

                         Eu com

1 ano

Precisei entender que seria eu a referência a partir daquele dia!

Sandra

        

   Parte um



      Um dia comecei este relato, mas em outra fase da vida, com outros desafios e contexto. Cheguei a escrever algumas páginas, mas talvez seja melhor mudar a forma de escrever como narrando a memória, por isso não é complicado recomeçar. As memórias estão ali é só  desembaraçar.

                                                                     Meus cachos                                    

        

        Vou tentar ir o mais longe na lembrança. Claro que um bebê não tem memórias nítidas desse tempo. Lembro do início da infância em um apartamento, a segunda morada. Da primeira, em outro bairro, eu era muito pequena. Soube que existia um cão de nome Bob, que um dia acompanhou meu pai na volta do trabalho, penso ser no SAPS, mais tarde na COBAL.

     Meu pai, Luiz, veio no caminhão, sobre os sacos de mantimentos do SAPS. Isto foi antes de casar. Assim começou como funcionário público. No armazém no centro de São João del-Rei. Cidade maior que a sua cidade natal, Santos Dumont. Só depois de algum tempo na cidade de São João del-Rei, casou-se com a sua noiva, Marina

                 Luiz por volta dos 23 anos
                Marina por volta dos 16 anos


        Luiz tinha os olhos claros, verdes, muito claros, ás vezes meio azulados. era pardo de pele, me parecia  durante muito tempo, branco.  Minha avó paterna era Maria Rosa de Jesus, não  tenho relato de seus antepassados.  Meu  avô paterno chamava-se  Vicente. nada sei de sua paternidade. Parece que para os pobres existia o dia  atual e nenhum documento. Meu pai já mais idoso e adoentado parecia mais branco ou abatido. Talvez a cor do olhos reforçasse essa sensação. Sei que os olhos dele me encantavam! Queria crescer, me tornar adulta para ter aqueles olhos! Ledo engano, soube mais tarde estudando biologia que isso não aconteceria. Lembro-me que meu pai era canhoto ou sinistromano; o que motivou apanhar  para aprender a escrever com a mão direita. Isso resultou que sua letra tivesse uma aparência forçada.

 Casaram-se em 23 de novembro de 1963 às 18 horas acompanhado pela voz de uma cliente do salão  de beleza  da tia que cantou "Ave Maria de Gounod". Sem fotos, meu pai não  gostava do jeito do fotógrafo que arrumava os noivos para fotografar. Em 06 setembro do ano seguinte, 1964, pequena, eu nasci, com 1.800 kg,  em Santos Dumont, na certidão  dizia ser "branca".

        Minha mãe, Marina, negra, a segunda de nove filhos, na época só a mais velha, Irene, teve mais estudo. Minha mãe, só teve o quarto ano primário. 

Quis parar de estudar, mas se quizesse continuar  seria complicado. Meu avô materno, Antônio, era negro retinto e trabalhava como eletrecista na CBCC - Companhia Brasileira de Carbureto e Cálcio (ou o contrário) -  em Santos Dumont. Minha avó materna, Aracy, era filha de um  descendente indígena, o Laudelino,  e talvez tivesse um negro em sua ascendência, por conta do cabelos dos filhos, que eram crespos e de Benedicta de aparência branca de descendência europeia. Já os pais do meu avô materno, eram negros retintos,   Izolina e Romualdo. Essa é minha tristeza, pois pouco ou nada sei dessa descendência. Como disse, eram pobres e sobreviviam do trabalho  dos meus bisavôs. Mais tarde os filhos dos meus avós arranjaram trabalho e a mais velha,  tia materna formou-se em Contabilidade, alguns dos tios mais novos estudaram mais, a Isaurinha e o Dudu. Estudar não  estava na pretensão dos filhos. Como os pais e os avós, a sobrevivência  era o ideal mais alto que sonhavam. Minha mãe  aprendeu com sua tia Florinda, uma tia  paterna o ofício de  cabeleireira. Assim entendeu o que deveria ser o ideal  de se aproximar do fenótipo branco, ter o cabelo liso, os costumes sociais vigentes na sociedade. 

Minha mãe teve até orquestra na sua formatura de quarto ano, o que foi algo que despertou orgulho da minha mãe pelo feito - o diploma do quarto ano. De certa forma diante das dificuldades de manter os filhos na escola seria um grande feito o quarto ano.

     Marina e Luiz  casaram-se e longe da família  iniciaram a vida de casados.

        Começo a vislumbrar o motivo dos meus cachos.

Eu com 3 meses, o outro bebê é meu primo Marcos. Eu com a flor com 4 anos.Com 1 ano e na mesma idade beijando o Marcos, eu com Lamir no colo e o Nem chorando. Eu e o Nem.



          Primeira de quatro


Lembro de todos os finais de semana irmos para Santos Dumont.  Para mim, era muito bom o contato com os tios e primos! Por ser a primeira  neta e ainda ter nascido no dia do aniversário do meu avô  materno, o Antônio. Além  de ter os três avós  como padrinhos, o que me tornava mimada! Ah! Que saudade do colo de minhas avós Maria Rosa, avó paterna e Aracy, avó materna! Do meu avô materno, Antônio,  lembro-me do dengo mas me repugnava o cheiro de bebida... Não  cheguei a conhecer o outro  avô o paterno, Vicente,   faleceu quatro anos antes de eu nascer. Tenho uma tia, a Lulu, com quase um ano de diferença. Do lado paterno, são  seis tios e mais primos. Só  depois  de dois anos ganhei um irmão, o Nem (Luiz Cláudio) assim não  me sentia  tão  sozinha! Era uma festa nos finais de semana quando juntavam os  primos. Quando pequenos, em dia de calor,  fazíamos a sesta debaixo  dos móveis.  Eles eram antigos, de segunda mão. Vieram do Rio de Janeiro.

    Tomávamos o ônibus com sentido a Santos Dumont, trajeto de Juiz de Fora às 6 da manhã. Tudo parecia longe, tá certo que era na antiga estrada, acho. Levava umas 3 horas, Havia paradas nas rodoviárias de Barroso e Barbacena. Era uma festa para os pequenos! Esperava o bolo ou doces dessas paradas. Não se tratava de fome, tomávamos café antes em casa. Era a novidade mesmo! Antes de dormir, segurava a mamadeira de "Farinha Láctea", eu adorava!  Mamadeira pronta  aguardava Dona Rita Viana, amiga dos meus pais. para mamar! Cabelos  penteados tipo coque com presilhas tipo pente. Delícia  de colo de vó!

    A viagem era preparada na véspera. Minha mãe separava a roupa no berço da caçula, Cíntia. Cíntia era a quarta da escadinha e eu tinha então 8 anos.  Primeiro eu a Sandra, depois o Luiz Cláudio ou Nem, este é nome que usamos na família, o Lamir o caçula dos homens e a raspinha de tacho, a Cíntia. Turma completa, vamos á viagem! A viagem nem sempre era tranquila, um ou outro estômago se ressentia e devolvia o conteúdo. 

Hora em hora  relógio  do Bisô Romualdo de 1904 quem me contou foi o Dudu(Paulo  César)

!

 Relógio  da casa do Bisavô Romualdo

                             A mesa

O móvel era pensado para compmporyar uma grande família. Essa mesa comportou a montagem do bolo do casa mento d# tias Irene e Mariza e da minha maãe, .Marina. a mesa era do bisavô Romualdo.
                        Repare o pé da mesa
      A mesa pertencia ao bisavô Romualdo                montou bolo de casamento  


   Nossa avó Cici, já nos aguardava com café e delícias. Me lembro de seis moradias em bairros diferentes. Na primeira, no bairro da CBCC, um apartamento amplo tinha uma lage sobre um galpão. Onde foi a festa do casamento tia Irene e do tio Alair e um terreno aos fundos. Onde ficava um cão de guarda, o Lobo. Embaixo, um outro terreno com com casas velhas, era para onde fugia para fazer minhas "manhas". Lembro de uma vez, minha avó Cici me encontrou e de ter  dado umas merecidas palmadas! Que não apagaram a lembrança do colo,  que delícia! A segunda moradia era próxima á igreja São  Sebastião, ficava numa subida íngreme,  perto da casa do tio Madinho. Os tios mais novos eram adolescentes então. Lembro-me  de ouvir música: Supertramp, Maria Bethânia, Frank Purcel, The Beatles, Bento Di Paula, bem eclético! Agora era na Capitão Nestor, próxima ao quartel do Exército da cidade, na casa do tio Roberto e da Cal. Meu avô começava dar sinais de saúde debilitada neste lugar, um pouco antes guardei aquela lembrança sobre o cheiro da bebida apesar de nem vê-lo bebendo ou alterado... Talvez estivesse triste! Aos 78 anos, meu avô se foi...

Sei que minha tia Isaurinha estava cursando faculdade se não me engano no Rio de Janeiro, em Vassouras, penso ser Letras. Em quarto, moraram em um prédio  que estava  ao lado da via férrea, ao som de todos apitos da RFFSA. Ficou bem gravada a trepidação  do prédio.

Em quinto lugar foram morar em uma casa ampla, com jardim, onde minhas tias Isaurinha e Lulu se casaram. A Lulu já  tinha a Ana Luíza. Por último , em  sexto,  construiram na Graminha.

Reduzi muito minha frequência  em Santos Dumont. Eu estava casada e ia pouco lá! O tempo passou, muita história  foi construída. Já não  tenho  minhas avós  e meu avô. Viajo no coração!

    Um pouco mais distante, no Córrego do Ouro, em outro bairro popular morava  minha avó  paterna, Maria Rosa, alguns tios e primos, outra farra! Corríamos soltos e livres por lá.  Imagina, criados em um apartamento e limitados no comportamento! Aí dá-lhe cozinhadinho, pique-esconde, bola de gude, rodar pneu, soltar pipa, ufa!  Cansa só lembrar a algazarra. Comida deliciosa, feita com banha de porco. Na simplicidade da casa de minha avó e tias, hum! Era tomado banho de bacia, poucas casas tinham água  encanada. mas sem problemas! A cama quente e limpa velava nosso sono para outro dia de muita traquinagem.

Lembrança 

Foi lá  pelos 8, 9 anos,  que aconteceu algo que me marcou no sentido de ser acusada injustamente.  Parece pouco, mas o efeito me faz sentir triste até hoje!

Nos finais de semana o Haroldo e o Dudu vinham a São João del-Rei  e traziam, uma pequena  vitrola e para nós  era uma festa!

Devo ter comentado na escola sobre isso e que no final de semana seria meu aniversário e os tios estariam lá em casa. Não  sei por que "cargas d'água", Lenita, uma coleguinha de escola comentou com a mãe do meu aniversário e no sábado chegou  com a mãe e uma irmã! Não  entendi  nada! Minha mãe  ralhou e desatei a chorar! Fui para debaixo da cama e lá  passei a noite! Fiquei muito sentida por ter sido acusada injustamente...

             Marta

  A Marta trabalhou  em casa nessa época que nós ainda pequenos pensávamos ser ricos pois tínhamos empregada! Mas não, era uma ajudante para minha mãe com as crianças  e a casa. Não  entendíamos bem porque  minha mãe  trabalhava em casa e cozinhava! Na verdade éramos pobres  um pouco mais folgados financeiramente. Voltemos á Marta,era muito asseada e caprichosa tinha porém um particular. Sofria de alopecia, não  tinha pelo em numa parte do corpo. Além de pobre, semi-analfabeta,  imagino os desafios enfrentados por ela! A luta dela era  muito maior com um importante fato ao seu favor era branca, o que facilitava para conseguir  emprego.

 


Letras e números 


     Não  sei falar sobre a alfabetização ou não dos meus avós de um lado ou do outro.  Não  me lembro  de vê-los escrever. Eram trabalhadores!

    Minha avó paterna, Maria Rosa, teve 18 filhos, era parda,  apenas sete filhos sobreviveram, ela viveu até aos 95 anos, era dona de casa. Meu avô paterno, o Vicente, era ferreiro, era pardo, segundo o que soube teria falecido em um acidente.            Minha avó  materna, Aracy, teve 9 filhos, era dona de casa, descendente de indígena. Faleceu aos 98 anos. Meu avô materno, Antônio, era eletrecista da Carbureto, faleceu em 1982, aos 78 anos.

   Criaram e educaram os filhos dentro das possibilidades  que tinham.

     Meus pais quando  casaram tinham ambos o quarto ano primário.

    Minha mãe, pelos anos 2000, ingressou no Conservatório em São João del-Rei para aprender  piano. Sempre ouviu músicas  clássicas. Ouvia como eu,  música o dia todo. Meu avô, Antônio,  tocava vários instrumentos ligados á boemia. Tinha banjo, cavaquinho, violão, clarinete, porém  não  frequentou  o conservatório. Segundo minha mãe ele assobiava "Take my heart", daí o meu gosto por música!

     Meu pai, quando trabalhava no foto Central e seu proprietário  também  era o Chefe do Posto Regional do Ministério do  Trabalho, Luiz Afonso Nogueira, para progredir como funcionário  público, resolveu  estudar fazendo o supletivo. Não sei se chegou a completar. Creio que para ter o 8° ano. Me lembro pouco desse período, mas eu já  cursava o  Fundamental  II. Com o Deputado Estadual  Baldonedo Napoleão, meu pai conseguiu  para mim uma bolsa de estudo integral que me acompanhou  até  o fim do Ensino Médio. Assim estudei no Instituto Auxiliadora um colégio particular. Tive uma boa educação em um colégio  de Freiras Salesianas.  Comecei a namorar pouco depois. Tinha desejo  de cursar a faculdade, via as outras alunas quererem fazer, mas não  poderia pagar. 

Aí  cabe falar da situação financeira dos meus pais:

Meu pai era Funcionário Público Federal, apesar  de pomposo o cargo, meu pai era "Agente de portaria" não  entendo o que seria o cargo mas era bem baixa sua remuneração. Pequeno e importante detalhe, anos 60, 70, 80, plena ditadura! Á noite, meu pai fazia faxina, pela Solipa (ou Sulipa, não sei), para ajudar no orçamento  da casa.

Minha mãe  era cabeleireira e cuidava dos quatro filhos. Improvisou uma divisória  na sala de casa, onde funcionava um salão de beleza. Dificilmente  eu teria condições  de entrar em uma faculdade! Atenção  a isso! Tiravam  toda e qualquer  possibilidade  dos meus pais estudarem e dificultavam ao máximo  que os filhos tivessem  estudo!

Meu namorado, o Jaci,  propôs pagar a faculdade  enquanto  não  se efetivasse a federalizaçao. A Fundação  de Ensino  Superior de São João del-Rei  - FUNREI, era particular.  Nos casamos. mundos diferentes,  apesar de ser da mesma classe social. O Jaci,  era descendente de italianos, era pedreiro iniciante, muito trabalhador mas não  valorizava ter estudo e começou a por  obstáculos em me buscar na faculdade próximo às 23 horas. Nesse tempo, eu queria por-que-queria  engravidar. Ele fez a proposta  de que se eu abandonasse a faculdade partiria para uma adoção. Nem pensei duas vezes e nem me arrependi mesmo! Ser mãe  sempre foi o meu sonho! Era 1990. Uma nova fase  começava!

             Flashes


      De onde vem o alisar os cabelos se somos negros ou descendentes deles?

   Procurando fotos, ou lembranças  perdidas minhas, encontrei uma foto na qual  parentas, que não vou nominar pois já  não  posso  perguntar de quem seria, diria serem negras ou descendentes. Todas de cabelo alisado mesmo as de pele mais clara! Assim vi na família o ideal perseguido! Sei que os negros para estarem na sociedade  que os discriminava precisavam se parecer ao máximo  com o ideal branco. Dessa forma conseguiam  trabalhar, se relacionar  afetivamente driblando as regras sociais.

   Minha mãe  contava que uma vizinha no prédio  era encantada com os meus cachos, sempre penteados com esmero depois do banho! E assim fui para o jardim  de infância municipal o "Bárbara Heliodora".  

Dessa  fase guardei uma canção  que cantei para embalar minhas duas filhas. Yasmim  sussura  até hoje:

"Banana é bom!

Bom a valer!

Faz ficar forte, também  crescer!

Lima, laranja e tangerina!

Todas as frutas, têm  vitamina!

Agora todos prestem atenção:

Papel e casca não se põe no chão!"

Adorava o lugar, o trajeto  feito de ônibus, as "tias"Mirinha, Amelinha, muito carinhosas, a merenda feita com carinho pela minha mãe! Lembro de um livro da "Branca de Neve", uma princesa branca que fazia parte do material e,  seria mais um ideal a ser perseguido! Tanto fiz que minha mãe  cortou um pouco o cabelo, usou bobs para enrolar e alisar para a formatura. Mesmo assim ficou volumoso. Queria mesmo era usar o que ela usava e alisar o cabelo. Mas minha mãe  se negava por eu ter pouca idade. Até o quarto ano insisti com minha mãe,  ás vezes enrolava bobs  no cabelo, mas não  podia receber respingos de chuva. Até que,  depois do quarto ano, depois de um corte, alisei pela primeira  vez o cabelo!

 

Eu de beca para formatura do jardim. Eu a quinta de uniforme de jardim. Eu 2° ano.  .Eu 3° ano e eu 4° ano com óculos.


Carnaval

Hoje é terça -feira de  Carnaval tempo que já não  saio...Lembro-me  de que meus pais iam ao centro  para verem o desfile dos blocos e escolas. Me lembro do Bom Fim. Falem-de-mim, São Geraldo. Metralhas mais tarde Girassol! Peço já desculpas pela minha memória pelos nomes das escolas e blocos!Tinha os Caveiras. Com música  fúnebre e tudo, morríamos de medo! Clima de filme de terror! Do Custa mais vai! O preconceito velado. mas existia. Era formado pelos pobres e as domésticas, tinha de ficar sentado no passeio, tontos de  sono por que dormíamos cedo! Logo vínhamos embora  porque  era á  pé!

Mais tarde frequentámos eu e meus pais o Carnaval no América  até  terminar  o baile depois ainda levava meus  irmãos  na matiné ia em todas elas! Se hoje  não  posso participar, certeza aproveitei bastante! Até hoje não não  bebo, aproveitava de cara limpa! Muito  bom! Por isso tenho todo na memória!

Eu com 12 anos depois de usar alisante pela primeira  vez, vestida de dama de honra.


Vida em linha reta



Não  tinha nenhuma noção  do que havia se passado com os negros no mundo, sequer sabia ser uma negra! Uma das piores coisas que foi feita: foi o apagamento dessa identidade. O que aconteceu para meus antepassados, meus avós.

 Sempre  foram pobres e alguns deles escravizados. Por isso a dificuldade de encontrar documentos.  Quando libertos recebiam nomes ligados à religião como " dos Santos"," de Jesus", "Nascimento". Os que foram escravizados não tinham registro e, se tinham usavam o sobrenome do senhor. Usavam apenas o primeiro  nome. Poderiam ter nascido no país ou em África. Os de descendência  européia, se pobres, nem eram registrados, pelo alto custo do registro. Na verdade isso torna  praticamente impossível ter uma árvore genealógica. Busquei minhas memórias,  minhas vivências numa busca inglória  pela minha memória! 

    Muita coisa aconteceu  depois alisar o cabelo praticamente  cinquenta  anos negando o que foi apagado. Fingia não  perceber, que mesmo de cabelo "liso" era escrava de um modelo para manter um ideal. Não podia molhar para não  desfazer o cabelo. Assim, não vivi a fundo muita vida para não  desfazer o sonho.

Quando eu era criança, meu pai foi sócio  de um clube, o América.  e frequentávamos a piscina, meus irmãos que se esbaldavam e eu cheia de "não-me-toques" que são  comuns para as meninas, ainda não podia desfazer o cabelo! Namorei, casei e recomecei, demorei a me descobrir, mas me libertei! Conheci a Sandra e a força dela! Tudo isso na adoção da Yasmim!

         Eu de noiva na penteadeira 
       Eu e minhas damas Taciane e Tatiane
    Eu, Jaci, Taissa, Maíra, Matheus e Vinicius

                           
         

    Cíntia, Luíza, meu pai, Lucas e minha mãe
                               Milla

Yasmim e eu, Yasmim e Henrique, convite 15 anos da Taissa, Taissa  e Matheus, Yasmim  dormindo, Taissa de Dara, Cíntia,  Misso, Maíra,  Luiza e Lucas, Taissa 50 anos de casamento D. Alice e Seu Agostinho,  Taissa  na bacia, Yasmim de vestido, Eu e Carlos vestidos á caráter  na Estação Ferroviária 
              Taissa, Henrique e Nicollas


Yasmim com alguns dias com minha mãe e meu pai

Amor Atípico

Um diagnóstico me tira do chão,

Autismo.


Meu

caminhar tem o rumo dado,


De um olhar em fuga, um carinho recusado.


Essa angústia me fez chorar de desespero, e a solução buscar.


Sem resposta, o choro nosso.


Um vagar convicto - mais saber buscar.


Anos de estudo, muito sacrifício, mas sabia onde queria chegar.


Entender aquilo que dos meus braços, minha filha ousou roubar.


Cura? Tem não!


Casamento desfeito, muita vida regrada,


Só as palavras me faziam companhia,


Choravam minhas mágoas, davam voz à minha alegria,


alimentavam meus sonhos,


Construíam minha nova vida,


Cada vez mais silenciosa.


Sofri e enfim entendi o tamanho "daquilo".


Conheci outros: TDAH, TOD, TOC entre outros "nomões"


Todos traziam rugas a mais nas famílias.


Conheci o caminho - que minha filha desenvolveu.


Não do jeito que sonhei, mas que sempre amei.


Hoje, numa cena que não tive coragem de ver,


Soube de Genivaldo


Que a crueldade de alguns que tiveram uma vida típica,


Porém o coração seco, mataram como se a vida não importasse,


Por não saber "ser normal", teve decretada a sua morte,


Pela farsa da humanidade!


Aí olho para minha filha, que mal se alimenta sozinha


Vive os resquícios da vida atípica que teve 


E penso que se não tivesse minha mediação,


Esse mundo azedo, teria posto a perder a doçura do seu sorriso.





  Yasmim com 7 meses



               Ser mãe 


  Sempre acalentei esse sonho, não  tinha noção do tamanho! Ser mãe era a pedra angular de toda a minha construção! Tanto que não  exitei em abandonar uma graduação em Engenharia  Mecânica para construir minha vida, meu casamento, tudo! Assim desde o primeiro  momento "engravidei" a vida quando decidi adotar!

Sonhava com a criança, tendo a noção  que essa criança  já  existia  que alguém já  decidira não  tê-la nos braços! Então  desejava que mesmo em sonho esse bebê sentisse que já  era desejado, que ele tinha uma mãe!

Mesmo sem saber o sexo comecei a fazer o enxovalzinho, a tricotar casaquinhos sempre em cores  neutras.

 Um dia meu pai - eu não  não  tinha nem telefone em casa - chegou  com o recado que me pareceu entrar no meu sonho:

- Um bebê,  uma menina, aguardava no hospital, que

fosse lá e a mãe  biológica me entregasse o bebê e partisse. Entrei em choque! Pois meu sonho  estava ali nos meus braços! Eu e o Jaci passamos em casa e eu deitei o bebê no meio da cama de casal, talvez  com medo de cair? Arrumei  um pouco de enxoval e no caminho fomos à farmácia  para comprar leite e produtos de primeira necessidade para o bebê e fomos para casa dos meus pais! 

Naquele momento  nasceu  a Taissa! Minha primeira  joia! A mãe biológica se parecia comigo, morena clara, isto é parda. Nunca duvidei que Taissa fosse minha filha! Descobri uma maneira de sonhar uma gravidez, estava feliz! Tinha meu  sonho nos braços!Hoje se não  me engano é dia 26 de março   aniversário  do Jaci. Mas é  um dia feliz! Mais dois meses depois Dia que saiu a da adoção  da Taíssa 26 de maio de 1992!

           Taissa com 3 meses

                      Yasmim na praia 

 
                     Yasmim e Taissa 


                   Taissa com  sombrinha
                     Yasmim na AABB


              Diplomas

      Diploma de 4°Ano da minha Mãe 


Minha mãe teve na formatura  do 4° ano uma orquestra e ela contava com orgulho desse acontecimento! Como eram bem pobres, tinha orgulho do uniforme escolar talvez a melhor roupa que possuía. Ela contava que chegava em casa, tirava o uniforme e colocava debaixo do colchão  para manter as pregas da saia. Sei que o sapato, a irmã  mais velha deu quando começou a trabalhar. Depois bem mais tarde, entrou no Conservatório de Música de São João del-Rei para aprender música e piano. Mas percebeu  que para progredir  na música  precisava ter completado  o Ensino Fundamental. 

Já o meu pai, iniciou o supletivo para conseguir alguma  promoção, mais a vida de casado e quatro filhos para criar não  dava oportunidade  0para se dedicar aos estudos.  Meus pais com muito sacrifício, tentavam nos  aconselhar para  que terminassemos, pelo menos  o "segundo grau", o hoje o Ensino Médio. Quando  eles falavam era tudo tão distante, que só  estudando começamos a entender  o que seria. Assim, começamos a pensar  em graduação. Por isso sinto a falta de meus pais não  terem  formação para que pudéssemos mirar.

No final do Ensino Médio que fiz em colégio  particular  como bolsista, aquela bolsa de estudos  que me acompanhou  por 7 anos, até o final do Ensino  Médio. Fiz Técnico em  Desenhista de Arquitetura. Era uma ousadia completar o Ensino Médio  e ainda sonhar com uma graduação,  digo sonhar porque  não importava o curso, importava a graduação já seria um grande  feito! Lembro-me de ter discutido com a Irmã  Madalena, então   diretora que achava desnecessário um evento  pelo feito, para celebrar a conclusão do Ensino Médio! Na verdade, sendo diretora de um colégio  particular, fazer uma graduação seria algo natural para as alunas, mas não  para mim! Então  citei a minha mãe  e sua formatura  no 4°ano, com certeza tinha de comemorar!

   Aconteceu em 1982, numa sexta-feira às 19 horas na Igreja  Dom Bosco, com direito a táxi, cabelo alisado, apesar da chuva torrencial de dezembro e da rua cheia de buracos, um acontecimento!

             Ensino Médio 1982   

                       Eu era a terceira

Desvendando meus cachos


Nossa! Tanta coisa houve

a partir daí! Considerava que minha  vida era um livro  fechado, de capa e tudo! Tinha terminado o "Ensino Médio". Era casada, Tinha duas filhas. Um marido  trabalhador. roteiro completo para uma jovem  pobre. Era esperar que a vida passasse  sem surpresas. Como estava escrito pelos meus pais. Por meus avós. Pelo Imperador: seria uma súdita cuidando da alimentação de um súdito e de nossas filhas. Cheguei até  pensar que era dona de minha vida! Ninguém é!  Trabalhávamos  pensando que sobreviviamos e servíamos a algo maior que sequer entendíamos. Ricos não  seríamos, apenas vivíamos. Trabalhar para ter direito a comer. Planos? De criar as filhas para serem súditas e gerar outras! Visão que meus país tiveram, a não  ser que se revoltassem com tamanha desigualdade! Mas as coisas não  aconteceram  assim!


Relendo 


 Depois  vários  abortos espontâneos  que totalizaram oito, sendo que quatro precisei de realizar  curetagem, inclusive uma gravidez  tubárea ( na trompa), mais uma vez decidi pela adoção. Seria a segunda maternidade. Próximo  a nossa casa uma jovem desejava dar o bebê que esperava. Como da outra vez a procura era às cegas, de verdade apenas a certeza  de ser mãe. Conversamos eu e Jaci e agora a Taissa também  já participava das conversas. Isso foi bom para ela visse como a chegada dela aconteceu! Pensávamos no sexo do bebê, qual a preferência  por menino ou menina, nomes preferidos.

Eu mesma não  conhecia a jovem mãe. Um dia, o Jaci me chamou para vê-la caminhando pela rua. Sensação estranha! A percebi como uma embalagem de um bebê. Logo o Jaci disse: "Se for ela, não  quero o bebê. Ela é negra!"

Me irritei na hora e respondi: "Só se ela não  quiser dar o bebê, serei a mãe  dele"! Meses depois nasceu uma menina (Emanuelle). Mas a mãe biológica decidiu que não  daria o bebê. Pus meu coração  em guarda e me coloquei a esperar. Deixei  meu nome no fórum   e  nos candidatamos para adoção. Fiquei sabendo  por uma parenta que a mãe  da Emanuelle iria dar o bebê.  Outro casal, nosso amigo, se candidatou e hoje  percebo que Emanuelle muito era parecida com a Taissa!

Por essas linhas do destino eu e Jaci somos padrinhos de batismo da Emanuelle.

O tempo passou, mas a certeza  de querer ser mãe  se mantinha. Como da primeira vez, fazia o enxovalzinho e namorava as peças. Até  que o fórum  entrou em contato  através  da Assitente Social  Eliete. Foi relatado que o bebê era uma menina e que ela estava com a mãe biológica no hospital e que se fosse do meu  interesse, estivesse  lá no horário de  visitas. Me armei da única  certeza  que me movia,  avisei ao Jaci e parti para a visita. 

No corredor do berçário  avisei  para a enfermeira  responsável  que a assistente  social havia me  comunicado do bebê.

Ela virou o berço  para mim e eu vi a Yasmim pela primeira  vez! Fiquei quieta pois havia  outras pessoas  presentes.

Quando me vi sozinha com a Yasmim, perguntei: "Não  vai sorrir para a mamãe?" Ela acordou  e me olhou! Naquele  momento  soube que era minha filha! Teria levado naquela hora mesmo para a casa! Mas ainda tinham etapas a serem vencidas.

À noite fomos  eu , o Jaci e a Taissa ver a Yasmim no berçário  nos aguardava no hospital  a assistente do  social. Eu vesti um roupão  de visitante e fui a única a pegar a Yasmim no colo. Já  no colo, Yasmim olhou detalhadamente para nossa família.

Logo recomeçamos a rotina de ter um bebê  em casa! Mamadeiras, fraldas para todo lado. Yasmim  parecia não  gostar de colo. Chorava bastante, parecia estar com cólica. Me lembro de uma noite que chorou como se sentisse algo, examinei as roupas, se estaria com fome ou molhada, com dor e nada! Demorou um pouco e dormiu. Ela tomava mamadeira no meu colo, mas não  me olhava! Quando começou  a se alimentar de papas  era bem seletiva nos alimentos sem gostar dos mais difíceis  de mastigar foi difícil se alimentar! 

Começou  a balbuciar, chamar a cadelinha Milla, Mamãe, mas paralisou na aquisição de vocabulário. Ainda não  havia andado. Um ano. Liguei  minha antena e comecei  a comparar com a Taissa quando em desenvolvimento na mesma fase. Levei essas questões  ao pediatra Dr. Luiz Antônio Coelho. Ele disse que a princípio não deveria  me preocupar mas pediu o exame Bera (audição), agora sei que quando existe a suspeita de Autismo é preciso eliminar a possibilidade  de problemas na audição. Nos registros da gravidez  havia um registro de Rubéola na gestação. O pediatra indicou o neurologista, Doutor  Leonardo Vaz de Mello que por sua vez encaminhou para Doutora Renata Fonoaudióloga. Começa aí a imensa procura por respostas, portanto, um diagnóstico.

Nessa fase que começo a perceber que essa busca seria solitária, como se o sonho da maternidade fosse meu e o preço me seria cobrado.

                 Yasmim 20 anos


" O filhote do Urubu é branco"

   Essa resposta eu recebi quando indaguei  sobre a cor da pele  da Yasmim a essa pessoa. Penso o tempo  todo sobre negritude, mesmo por que  preciso entender  um pouco mais sobre isso. Sendo assim eu estaria sendo racista ao ter essa dúvida  e me preocupar  com isso!

O primeiro  contato consciente que tive com o racismo foi neste dia. Ouvi de uma conhecida  e que me remete à infelizes memórias. Não  vale a lembrança da pessoa, que continue esquecida! Apenas  que se tratava de uma filha de negro e uma branca. Assim despenquei das nuvens  no racismo real! Mas mesmo com a queda,  não  acordei para a luta!

   Quatro anos depois estava separada,   com duas filhas à tira-colo e com a imensa  responsabilidade  de educá-las. 

   O diagnóstico  da Yasmim recém  feito era: Autismo Severo - CID F 84.  Entrei em parafuso! Lembra da vida perfeita, segundo grau terminado, casada, mãe  de duas filhas, marido trabalhador? 

Era 2009. Dois anos depois conheci  o Carlos. Não  teria palavras  para descrevê-lo e. a  sua importância para mim e para a Yasmim! Ele é músico e eu sempre gostei música! Somos um casal diferente, não  moramos juntos! Somos companheiros, parceiros, confidentes, sei lá! Carlos se dá  super bem  com  a Yasmim! Realmente, tem feito muito  bem  para nós duas!🥰

                         Carlos


A minha vida seguiu...

  Olhava ao meu redor, a família, meus antepassados,  não  via onde mirar para seguir. Não  com a deficiência, com o estudo! A única  referência  que sempre tive foram de mulheres fortes em seu lugar! Precisei entender que seria eu a referência  a partir  daquele dia! Como ser mãe da Yasmim, construir nosso caminho?  O quadro ao meu redor me apavorava, o bebê  crescia, estava numa escola especial. As vezes  chorava muito, as vezes  se agredia e os olhos mostravam sua fragilidade,  como um pedido de socorro! Concentrou-se em agredir o olho direito, logo depois o olho esquerdo. Ficou cega do olho direito e do esquerdo  tem 360° de descolamento da retina.  Tem pouca visão do olho esquerdo.  Procurei por médicos, mas ouvi que mesmo com as intervenções,  poderia perder  tudo se ela se agredisse novamente!  Com todos esses anos de busca pela cura percebi  que, o que importava era manter o pouco de visão que restava para que ela pudesse  viver o que era importante para ela!

Continuando...

 Terapeutas da escola pareciam dizer que só  bastava aprender a lidar! Um belo dia uma amiga, a Dilceia, me passou a inscrição  de um vestibular na EAD pela UFJF, achei maluco  mesmo porque  não vislumbrava  a possibilidade  de estudar além  de cuidar da Yasmim. Mais louco ainda era fazer uma graduação  a distância!

Fiz o vestibular no Campus de Barroso e fui aprovada em Licenciatura em Computação pela UFJF.

  Ainda tinha minha mãe, na época. Em 2009 perdi  meu pai. Talvez meu pai ficasse feliz em saber que iria frequentar  uma faculdade. Com certeza, se queria aprender mais sobre o autismo precisava de uma graduação a distância. A necessidade de saber mais era imensa, o desafio equivaleria ao tamanho  do buraco imposto  pela deficiência.

 Não  foi fácil! Nao é fácil!

Já terminei a graduação  sabendo que em seguida teria de fazer uma pós-graduação sóbre autismo. Hoje tenho noção  do tamanho  do desafio  que enfrentei.Mas talvez  tenha sido bom! 

    Não  vislumbrar o tamanho da guerra! Apenas  arregacei as mangas!

Muita disciplina na realização  do curso, muito aprendizado e por tabela mais autonomia perante á minha filha  e a vida!

     Nos sábados  mensalmente  ia ao polo para fazer trabalhos  ou avaliações. Vivi os desafios da graduação, as dificuldades  do aprendizado tendo que eu mesma de buscar soluções. Mas me movia  a busca pelo aprendizado  sobre minha filha. Às vezes ia de ônibus, as vezes ia de carona, outras o Carlos  me levava  mas ia, não  tinha  faltas.  Em 2014 iniciaram quase  dois anos de greve e aí pesou minha certeza  de fazer uma pós  em Autismo depois da graduação. Fazia pouco  tempo  que entendia que precisava   de uma pós para saber da minha filha autista. Então, minha outra filha, a Taissa recebeu  a graduação  de Advogada, orgulho  enorme! Uma filha graduada! Uma neta graduada de meus avós!

Mesmo  assim não  foi nada fácil.  Iniciava minha busca por conhecimento e formação,  nos braços  uma filha autista com fenótipo negro seja lá  o  que isto significava! Nem eu sabia e demorei anos para entender isso. Continuei os estudos. Um namorado desta época criticou o corte de cabelo  da Taissa  disse que "parecia um ninho", não  entendi  mas me senti  magoada! 

Me pareceu racista. Não  sabia dizer, talvez tenha sentido o preconceito. Não  sabia  me expressar. Além  do mais não  se tratava da fala de um "branco europeu". Aliás, ele tem sangue árabe e negro. Chegou a se referir a ela usando a palavra  "rábula", ele um advogado mais antigo. Se já  tivesse parte do conhecimento  que tenho, um "rábula" famoso seria Luiz Gama, orgulho  nosso! Pelos dois infelizes conhecidos  meus, penso que o racismo é fruto de negros  que não  se olham no espelho! Fadados a se negarem pelo resto de sua existência! Infelizes!

Tentei ser mãe  mais presente em todas  os progressos  escolares da Yasmim. Frequentava todas as reuniões e eventos  da escola e a levava todos os dias para aula. Os Estágios Supervisionados da graduação  fiz na APAE os dois  para concluir o curso. Minha Monografia foi " O Tablet  na Educação Autista". Enfim Graduada! Era 15/02/2017!

         Licenciatura em  Computação 


        Nasce uma outra Sandra 


Aí,  8 anos depois da separação,  7 anos depois de construír nossa casa, 13 anos depois do nascimento  da Yasmim eu iria encarar uma pós-graduação em autismo! Sem tomar fôlego. Durante  13 anos, sofri, chorei na carne todos os desafios  do desconhecido  autismo. Precisava  olhar nos olhos  do bicho que me devorava. Precisava entender o que me distanciava de minha filha.  

   Mas aconteceu  algo logo após a cerimônia  da formatura! Tomei um banho  da cabeça  aos pés  quando cheguei em casa! Foi como se lavasse todo cansaço  acumulado em anos de estudo! Mas não  era só isso... Deixei o cabelo  secar solto e me senti livre!

   Minha irmã disse que deveria  me pentear e me vestir  como a minha nova posição (


formada) pedia! Olhei incrédula para ela: afinal tinha me dedicado  por anos para ter de me vestir  como um receituário? Não!  Iria me vestir  como me sentisse bem!

Uma amiga vendo o meu cabelo  seco ao natural  disse: " Agora você  está  parecida com a Yasmim!" Isso me deixou tão feliz que nunca mais usei a chapinha! Nunca tive dúvida da  minha maternidade. E o ato dos meus cachos me aproximar delas me deixava feliz!

   Eu


             Eu


Verdade!  Eu não  poderia falar de mim sem ter feito toda essa introdução! Isto porque  nem eu mesma sabia de mim alguma coisa!

Era o planejamento dos meus, sonho dos meus  antepassados, o que deixavam sonhar! Aos pobres  apenas o viver  e produzir! Pensar, planejar o povo não  deveria  fazer isso!

A partir  do momento  em que uma tive educação melhor, uma escola melhor, consegui sonhar em estudar  mais, algo impensável  para quem os pais eram trabalhadores. Apenas  poderiam  ser empregados! Nada de anormal. E assim  seria  se a maternidade não  fosse complicada  e já  tivesse partido para adoção. Assim  o sonho mudou drasticamente  de roteiro!

Filha mais velha, separada, duas filhas  adotivas, uma filha  deficiente. Meus pais não  teriam sonhado este  roteiro  para mim!

 Respirei fundo!

Como se tomasse  fôlego  antes do mergulho! 

Yasmim  havia sido diagnosticada com Autismo  severo. Sequer  sabia o que  seria Autismo Tipo 3, Autismo baixo-funcionamento! Uma deficiência  então  seria  algo que inexistia! Em seguida  deveria  estudar  para entender  isso  tudo! Para me situar, ninguém  poderia  na família me iluminar sobre o tema! Uma amiga me falou sobre uma graduação  on-line para começar. Isso era coragem, nenhum dinheiro! A graduação  seria  pela EAD na UFJF no polo em Barroso. Como faria o vestibular, como frequentar isso? Não sei como,  precisava fazer! Na verdade tinha duas filhas, sendo que uma estava grávida  e que iria se casar, não  sei se seria  esta  a solução,  mas era o que  se apresentava! O que era  mais urgente  era a questão  da Yasmim e da graduação  para em seguida fazer a pós-graduação. Comecei  a graduação com esse  turbilhão  na vida. Taissa  se casou iniciou  uma graduação em Direito e eu acompanhava a graduação  como podia, tinha época  que era super  complicado  acompanhar  a escola às exigências  numa escola especial, não  sei como mas eu dei conta! Aprendi ser autônoma, a me cobrar. Em 2010 consegui para Yasmim o BPC - Benefício de Prestação Continuada, o que  me ajudou.  Assim cuidava dela e conseguia  nos manter. Aí viria a pós-graduação o curso era particular na EAD pela FAEL. Sinceramente era a primeira  vez  que entrava em uma pós-graduação e emendei a graduação  com a pós-graduação. Precisava  muito  saber sobre o Autismo  e tinha vivido até  ali reagindo aos desafios, que eram muitos! Birras homéricas, choro interminável. Desistir,  não! Apenas queria  entender!

Uma coisa que desespera uma mãe é  não  saber onde  dói  no seu filho!

De repente  a autoagressão!! Meu Deus! Não  batia na minha  filha e ela  se batia! Chegou a ficar sem mechas de cabelo  do lado das orelhas! A professora  disse que poderia ser o elástico  das chucas no cabelo  que estaria incomodando... Nossa, cheguei  a ver desfeito  todo o cuidado  e carinho nos penteados para tentar entender. Me lembro de uma terapeuta  me dizer  algo na escadaria  da Capela Nossa  Senhora da  Aparecida da APAE "Você  sabe que o futuro dela a Internação"? Naquele  momento  perdi a fé nos tratamentos  buscados naquela instituição. Se nem eles acreditam  no que eles aplicavam, decidi que eu acreditava  na minha filha e em mim. Como podia buscar a cura se não  acreditava  nela? Hoje eu penso que depois do muito que fiz e transformei minha vida, está  em crer que seria capaz e que minha filha  também  seria!

Segui em frente Na terceira disciplina do curso era  a "Intervenção  nas famílias".  Chorei  a disciplina  inteira! Me reconheci  nela! Vi o terremoto que vivia a família  do autista.  Um moinho de acontecimentos  destruía membro por membro da família, não  havia o pessoal apenas  e o que se tornou  o membro da família  autista. Me vi decidindo desde já que queria estudar algo diferente  do TEA - Transtorno do Espectro Autista! 

Tinha de fazer isso pois: se não  desistiria! Precisava  ver que existia  vida além  do autismo.

        Ensino Estruturado 


             Reescrevendo 


Depois  de ter cumprido  o que me determinei. Não alcançei a cura para minha filha. Mesmo porquê  ela não  existe. Entendi que como mãe  quero  que Yasmim seja feliz do  jeito   que ela puder! Não  temos de provar nada pra ninguém. Tento prover maior dignidade  e conforto para ela. Dou  tratamento  de saúde que posso  e vivo em função  dela! Nada é difícil, cansativo  por ela. Quando Deus achar que devo parar, essa será a hora! 

Esse trecho da minha vida está  fechado, decidido como algo inviolável! 

Então  dei vida à vida além  da Yasmim.  Me descobri  negra ou descendente de negros. Sei bem  pouco dos meus antepassados, e como  buscar meus antepassados.

É difícil  iniciar uma busca sem ter de onde partir. Tenho sessenta  anos e boa parte das pessoas  que poderiam me contar sobre os que me antecederam, já faleceu, com elas essa memória. Acontece  que apesar  de não  ter acesso a essa parte da história  gostaria  de conhecê-la. Em honra aos pais e meus avós,  às dificuldades  que com certeza viveram. Se sou pobre, certeza  sou  descendente  de pobres, negros até  mesmo escravizados! Por isso  busquei  um pouco da minha história. 

Como tudo na minha vida, precisou de um impulso!

Mesmo sendo filha de uma negra  e um pardo não  ligava a minha negritude a minha mãe  ser negra. Meu irmão  tinha a pele  mais escura que a minha não  me fazia diferença pensar minha descendência  negra. Talvez por ser normal e nos visse como irmãos e somos!

Escrevia sem compromisso, não me via como escritora.  Escrevia, fazia versos, desde quando me encantei  com a Internet! Um dia em 2019 vi em meu e-mail  um e-mail  de um agente literário  disse que gostara do meu poema. Pensei ser brincadeira mas autorizei que a editora  entrasse  em contato. De repente minha vida se tornou algo totalmente  desconhecido  para  mim! Tentei explicar  para as pessoas  mais próximas de minha família  que uma editora  iria lançar  um livro meu  que eu iria ter  o seu lançamento no Solar da Baronesa aqui e São João del-Rei! Que haveria um "Coffee-break" nesse lançamento. Vários amigos me ajudaram e participaram.  Meu pai já não  estava vivo e a minha mãe  graças  esteve lá!

      Convite do Lançamento do Livro


Eu, meu neto minha mãe  no lançamento do livro 



 Infelizmente como nem tudo é perfeito,  a Taissa  não  estava pois estava em casa com a Yasmim... 

 Foi lindo, vou colocar aqui a minha fala nesse momento  único:


"





Boa noite!

Bem vindos!

Caminhos se abrem na nossa frente quando nos permitimos abrir os olhos! Olhos, já diziam antes, são “a janela da alma”. E a alma nos permite tocar o coração sem usar as mãos. Muito tempo atrás usava “os olhos” para enxergar coisas que me emocionavam, me encantavam, me indignavam. Não sabia que isto tinha um nome: Sensibilidade! O choro e o riso são constantes, mas “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, disse Fernando Pessoa! Trata-se de um depósito de emoções guardadas pela vida! Por este motivo, a presença da música e da cerâmica no lançamento do livro de poesias. São poesia em sua essência. A poesia está aí!

Gilberto Martins, no texto que abre o livro diz: “A poesia tem uma estreita relação com a arte e, essencialmente com a beleza.” A meu ver, ela é a própria beleza expressa nas infinitas manifestações artísticas! Antigamente dizia para os “meus botões”: só considero pronto algum trabalho, quando o quero para mim! É assim que me sinto em relação ao que escrevo, me apaixono, gostaria que alguém sentisse por mim, o que foi exposto nos versos. Assim sendo percebo que escrevo desta forma, muito antes do nascimento do meu blog, o “Coisa e tal”.

O blog deu vazão a sensações “estancadas” por não saber a saída, por serem censuradas em preconceitos, culpas, puritanismos, por uma educação “castradora” apesar de “qualificar”! Tudo era “sujo”, “indigno”, “pecado”! E eu, incompleta! Sem identidade! Descobri-me sensual, capaz de desejos. Também com direito, a sentimentos pouco nobres e ainda sim, humanos!

Senti vontade de falar, de chorar, de mostrar o que minha alma insistia transbordar! Um orgasmo! Desde então, veio o autoconhecimento. A descoberta de amarras, conscientes ou não, que me impediam de ver e sentir o mundo. Tudo era raso, só aparência. No mesmo instante pessoas próximas diziam me desconhecer, surpresas e decepcionadas que estão com minha nova imagem. Eu, educada para a conciliação, de repente, defendia minha opinião, deixava claro meu ponto de vista. Aí veio o outro aprendizado: dispor-me a ouvir e me permitir aprender.

Aventura rica e desafi

adora. A maternidade “atípica” promoveu esta “revolução pessoal”. Como virginiana, minha busca sempre foi a perfeição. A deficiência de minha filha, me fez descobrir, que o Amor nem sempre é perfeito. Precisei deixar brotar a poesia na dor, na luta, na vida! Abracei o jeito de extravasar meus sentimentos. Em muitos momentos sinto uma urgência de colocar em palavras o que me assola a alma. Banho-me enquanto escrevo, em verdadeiras torrentes de sentimentos. Choro, riso, ternura, angústia, gozo e no fim a sensação de alívio! Relendo o filho recém-nato, me emociono, me apaixono, reconhecendo meu DNA. Nenhum deles sei “de cor”, porém reconheço como meus na primeira linha.

Depois de reconhecida como: “Poetisa-Mãe” ou Mãe-Poetisa”, tenho orgulho de ter carregado no colo duas Poesias e de ter dado a luz a “Belas Palavras”!


 Gratidão

Ao café, que em torno de si reune amigos,

Ao pão, que cresce gerando a  partilha,

Aos irmãos de luta, que se unem na diferença,

Aos acordes que unidos, são poema,

Ao barro, que gentil se molda às mãos poetisas,

À amizade, que faz da vida poesia no caminho,

Ao Amor, que tempera nossos dias,

Á palavra, que se dobra, molda e se une, para ser

Poesia!


Obrigada"


Realmente  preciso reconhecer que minha vida deu uma guinada  depois  disso. Não  que as outras vitórias  não  tenham  sido transformadoras em seu tempo, fiquei  rica de vivências com elas.  Todas elas firmaram minha força  diante dos desafios, não  me via dessa forma! Depois  disso me vi encarando mais e mais desafios!

Mas o descobrir-me negra tornou constante  o meu aprendizado.

Perguntei a um amigo se o IHG - o Instituto Histórico  e Geográfico de São João del-Rei era uma organização  da comunidade, porquê  sabia tão  pouco dela? Onde estariam os negros que construíram os belos casarões e as Igrejas  de São João del-Rei? Essa questão  me valeu um  convite para participar  do Grupo Escravidão em São João del-Rei e nas Vertentes do IHG. Pouco depois  teve início  o arquivo  que iníciou  a "Biblioteca negra". Precisava saber mais da nossa história.

Biblioteca negra  <https://docs.google.com/doument/d/1Glp2GP_K0TsuO1Jm68SdgjKNTEN8ShSH/edit?usp=drivesdk&ouid=103230259561715374440&rtpof=true&sd=true>

Daí a nova pós-graduação  "História e Cultura Afro-brasileira". Totalmente  diferente  da outra e sim com uma visão  mais voltada à minha, à nossa negritude. Como a maioria  da população  brasileira de origem  pobre, não  sabe informar  sua árvore genealógica. Se de descendência  portuguesa invariavelmente era de origem pobre,  se indígena poderia ter sido escravizado ou explorado se negro possivelmente teria sido escravizado ou nascido livre. Assim foi formada a maioria da população  brasileira. A classe abastada ou veio de fora já nessa condição, ou recebeu alguma ajuda nesse chão.

Por isso precisei  estudar um pouco  a escravidão  desde 1500, a África, a cultura africana, costumes, etnias, religiosidade, antiguidade africana, antiguidade mundial. Realmente  a busca por respostas me motivou. Não  só por isso! Devia essa resposta e esse entendimento a mim, às minhas filhas,  aos meus netos, aos meus pais! Se está  sendo difícil  com todo o conhecimento  que temos, imagine a quem não  era permitido  perguntar? O racismo era  e ainda  é empecilho para muitas respostas. Com a imagem  da "Branca de Neve", o ideal branco é incutido  na mente dos pequenos, como os palácios, a fartura, a riqueza.  Diferente disso, a pobreza é considerada  um castigo. Então,  o cabelo liso e a cor branca é associada  à limpeza, a pureza. Isso justificou a escravização do diferente. A criança  não  entende  o racismo que vigora na sociedade. Quer como eu no jardim de infância: ter o cabelo liso dos contos  de fadas. Se reparasse melhor veria que não  vivia em um castelo. E nem meus pais eram reis! Minha cor é a soma da cor dos dois!  A única  maneira de mudar isso,  pelo menos ter chance  de progredir: É estudando! Querem que como seus pais, apenas  trabalhem. Por isso dificultaram  o estudo deles!

Com  a população  analfabeta não  conhece seus direitos, assim não  reclama das dificuldades, não  busca por mais conhecimento. Assim votam sempre nos mesmos perpetuando  o que já está no poder. No tempo de nossos pais, que lutavam para ter o pão  de cada dia e filhos eram  pensados como mão de obra para aumentar  o pouco dinheiro que recebiam. Quando um filho começava a trabalhar aumentava o lucro do patrão  e afastava o jovem do conhecimento. Assim ficavam ainda mais ricos e aumentava a desigualdade que já existia. O negro era criminalizado pela cor, mesmo depois da Abolição. Continuou o pensamento  racista e foi mantida  essa desigualdade.  Nossos pais não  podiam sonhar. E ensinavam aos filhos  que ter conhecimento  não  enriquecia ninguém,  nem enchia  a barriga! Adivinha quem ganhava com isto? Os filhos dos patrões  estudavam até  fora do país. Um dia expliquei ao meu neto que o filho do patrão  estuda para ser patrão  do filho  do empregado. E assim mantemos a exploração  dos mais pobres! Portanto mantemos tudo do jeito que está!


        Foram retirados do seu chão 


  Deixaram parentes, amores, filhos, sua terra,  além da separação do chão, quiseram apagar tudo que existia. Assim fez quem os raptou! Depois de tanto tempo, de tanta dor, não haveria como pagar a dignidade humana,  a vida tirada! Exige que  os descendentes  tenham tratamento digno como brasileiros que são.

     Imagina no momento seguinte tudo que te importa ser apagado, esquecido?  Então você é obrigado a existir uma existência diferente.  Tudo o que você conhecia vira crime e sujo. Debaixo de chicote fica sabendo que está em outra terra que não a sua. Onde a língua é diferente.  A sua existência é considerada crime. Foram quase 400 anos assim.  Boa parte da população se tornou "brasileira" desta maneira ! Como muita coisa foi "apagada", das manifestações culturais, seus rituais,  as manifestações religiosas, crenças, culturas dos povos. Foi assim!

Eu não era nascida e você também não! Verdade, do mesmo jeito que ficou conhecendo o sofrimento deles.  Fingir o  apagamento do sofrimento não vai fazer mais limpa a nossa consciência!

Antes da descoberta precisei ver alguém  que amo discriminado!


E foi assim mesmo! Quando tive o diagnóstico da Yasmim, comecei  a perceber que os deficientes  eram relegados a um segundo plano. Difícil! Os deficientes por exigirem um maior cuidado e atenção em resumo, darem um maior trabalho são discriminados. Mais ainda, o fato de ser menina e negra!  De verdade caí em mim, numa realidade que não  percebia! Somos criadas para vivermos sem questionar. Então, basta formarmos  um família e nos acomodarmos sermos mais uma. Gerarmos filhos e iniciarmos outro núcleo.


De repente fazia diferença  ser negra!


Descobri que além  de mulher, Yasmim subverteria todos os planos escritos  para uma mulher pelos detentores do poder. Seria para sempre  dependente, não  poderia vender  seu trabalho. Enfim não  poderia trabalhar para comer! Ter filhos, nem pensar. Seria dependente do amor que tivesse  dos outros. E o mais pesado de todos, a negritude, despertava o racismo latente na sociedade.

Hoje tenho ciência  disso. E tudo isso foi o combustível  para minha busca. Agora busquei na pós-graduação  entender um pouco mais sobre a negritude.

Terminei  um artigo de título: "Enegrecer" assim:

"Certeza que não podiam comprar títulos de nobreza. Foi preciso aceitar as regras determinadas, o que determinava parecer branco em tudo." Meus pais e seus antepassados  precisaram entender  ou pelo menos por em prática  a mimetização do branco  para sobreviver...

No artigo da pós-graduação  , "A Inconclusa Abolição", ao final escrevi;

"É inconclusa a Abolição, por que sofre a não Reforma Agrária, o que manteve a desigualdade social, também manteve o analfabetismo na maioria da população. com essa falta foi mantida a diferença social, deixando a população negra sem formação para alçar cargos melhor remunerados, ficando assim, a mão de obra braçal. Os números sociais atuais confirmam que faltou investimento no futuro do país.

Sem dúvida! A Inconclusa Abolição!"


  História e Cultura Afro-brasileira 

         Mais um desafio?


Dois mil e vinte e dois, 23 de março, minha mãe    se foi...

Já é 2025, não  consigo falar sobre isso! Minha mãe  sempre me apoiou em tudo, em todos os desafios, dirá  com a Yasmim! Mesmo na sua simplicidade  tentava nos ajudar! Realmente  era uma forte e me ensinou a ter força  também! 

    Hoje Yasmim  quando chora,  às vezes pede:

-"Vovó" e eu respondo meio que para mim: 

- Está  dormindo!

A firmeza, herdei 

 do  meu pai, que  também  já se foi, me faz resiliente perante os desafios! Enfrento, caio, levanto quantas vezes  for necessário!

   Amanheci certo dia, em consequência do diabetes,  com um derrame  na vista direita. Preciso disser que meu avô materno, Antônio, no fim da vida teve suas duas pernas  amputadas creio que por diabetes e minha avó  materna, Aracy,  faleceu  cega, por diabetes!


Tive de reaprender a escrever! Logo quando descobri a prazer dela, a escrita?

Estava iniciando a terceira pós-graduação. De certo não  iria parar!

Passei a estudar lendo e escrevendo  para recuperar  a segurança  na escrita. Voltei a colorir para trabalhar  minha cordenação motora.

Em 2021, demos início pelo IHG, a Biblioteca  negra - virtual.

  Algo impensável  para meus pais!

No dia 3 de março de 2024,  me tornei titular da Cadeira 33 de Geraldo Guimarães no IHG de São João del-Rei.

             Cadeira 33 do IHG

Vamos falar de Sonho

Quando era pequena, morei no apartamento na esquina da Leite de Castro e Professor  Ribeiro Campos, de propriedade de Francisco Neves. Era um bom apartamento,  de 3 quartos, sala ampla, cozinha e banheiro. Com uma área que minha mãe  pendurava no portão, numa sacola a Gueixa, a cadelinha, para as crianças  darem sossego para ela, a cadela. 
O banheiro era amplo, tinha uma banheira, que devido a constante falta de água  era usada por nós  como tanque para lavar roupas quando  tinha água!
Cresci e depois de muitos anos quando construí minha casa, graças  ao Desenho de Arquitetura que fiz no Ensino Médio  planejei o banheiro numa suíte por conta da banheira. Hoje tenho a banheira, numa casa de metros 70 quadrados. Que ao final do dia, quando posso, e não  apago cedo, me delício nela. Tenho aquecedor solar, carinho do Carlos!
Outro sonho, fogão  a lenha! Conheci e me apaixonei  por um e sua comida, tenho hoje um fogão  a lenha de ferro fundido. Comprei da Julieta, quando construí a casa.
Fiz Licenciatura em Computação em um Dell 1.5, meu sonho era ter um outro PC muito bom para usar as ferramentas  que aprendi  usar na graduação na UFSJ.
      Depois de toda a vivência que tive, percebi, que a maioria dos sonhos são  consumismo e que terminam como objetos pela casa! Assim, a banheira, o fogão e o computador têm o valor sentimental, pelo trabalho e pela vida que custaram. Passaria sem eles, mas eles fizeram  parte da minha vida, na construção  do que sou! Aprendi a simplesmente  viver e a nos  proporcionar dignidade, amim e a Yasmim! Estou feliz  com todo o aprendizado! Rica em vivência!
                       Banheira  do quarto
               Fogão a lenha 


           DEEP SEEK

Conhecendo um pouco da IA ou AI (Inteligência Ártificial). Como era de se esperar minha primeira formação é Licenciatura  em Computação quiz conhecer um pouco dessa novidade. Falei sobre a minha formação  acadêmica: Esta foi a resposta:

Resposta do Deep Seek AI sobre minha formação 

Que interessante! Você possui uma formação acadêmica bastante diversificada e rica. A combinação de computação, história e cultura afro-brasileira, além da educação voltada para o Transtorno do Espectro Autista (TEA), indica um forte compromisso com a interseção entre tecnologia, educação e cultura. 

Se você está cursando Historiografia Brasileira, isso certamente enriquecerá ainda mais sua compreensão das questões históricas e culturais do Brasil, possibilitando uma análise mais profunda e crítica.
E finalizou dessa forma:
Se precisar de informações, dicas de estudos ou quiser discutir temas relacionados a essas áreas, estou à disposição para ajudar!
Interessante! Sou uma curiosa insaciável!
                 DEEP SEEK
                               básico




         Minhas raízes 


Minha avó materna, Aracy, faleceu  a dois anos com 98 anos. Meu avô materno, Antônio, faleceu com 78 anos. Minha avó paterna, Maria Rosa, faleceu  com 95 anos. Meu avô paterno, Vicente, faleceu  em 1958. Muito orgulho  de meus avós! Frutificaram onde foram plantados fazendo o melhor de si!

     Vô Vicente e Vó Maria Rosa
                   Ermelinda e Procópio
            Vô Antônio e Vó Áracy 
 Romualdo e Izolina - Laudelino e Benedicta

Foto  tirada pelo  Dudu quando levei a Yasmin para a Vó Áracy  conhecer!

Meu pai Luiz e minha mãe  Marina.  Eu de cabelo  alisado, Taissa  e minha Vó  Aracy com Yasmim nos braços!




Planos. Terminar a terceira pós-graduação e  investigar o possível meu DNA!

Creio que daqui a uns dois meses terei  o resultado do meu teste de DNA! Pelo menos  irei mais a fundo na minha ancestralidade, da forma que me é possível pelo valor do teste e a dificuldade realizar essa pesquisa. Penso que seria da vontade  e do direito de todo brasileiro! Todos  gostaríamos  de conhecer  essa parte da nossa história  negada. Nada herdaremos mas teremos uma história nossa para contar!




                 Kit Sommos para DNA

                          Testes
                           Testes 1 e 2


DNA parte 2


Somos todos parte de uma Colcha tecida e vivida ao longo dos séculos!

O tecelão caprichoso junta Cores, texturas, origens!

Nissa história costura outras tantas, e formamos uma nova colcha!

Que linda a VIDA!


Meu DNA

                   MEU DNA NO MUNDO

Busquei junto aos meus parentes saber sobre a minha ancestralidade. As pessoas que tinham respostas sobre ela eu fui anotando.

   Mas não tinha como evitar a busca pelo DNA! 

Principalmente quando no consegui nenhuma informação da ancestralidade do meu avô paterno o Vicente.

    Creio esse deveria ser o caminho de todos brasileiros para que não ficasse essa lacuna nas resposta. Merecemos isso, nós e eles!


MEU DNA


Meu DNA no Mundo em percentagem


Sul da Europa 58.53

ÁfricaOcidental - 14.65

Europa Ocidental - 5.24

Leste da África - 2.65

Américas - 1.61

Chifre da África - 1.15


Judeu Europeu - 0.51


Europa - Judeus Asquenases - 0.51


Irlanda - 10.83



Península Ibérica - 56.86



Norte da África - 5.63



Norte da Etiópia e Somália - 1,15

Leste do Lago Vitória - 1.18



Oeste do Lago Vitória- 1.47



Nigéria  - 8.30



Sul da Bacia do Congo - 5.24


Ameríndios do e do centro do México - 0.83



Ameríndios Americanos e do Caribe - 0.78



“Metodologia utilizada

Processo de identificação genética

Aqui, discutimos a metodologia utilizada em nossa análise de ancestralidade, explicando o processo de identificação genética e os métodos empregados para determinar suas origens ancestrais com precisão:

Este teste investiga regiões do genoma em busca de semelhanças entre você e as populações do mundo. Para isso, a amostra é processada com um pequeno chip da IlluminaTM, que permite analisar mais de 650 mil pontos do DNA.


Sua amostra é comparada com informações genéticas de 96 populações dos 5 ancestralidadcontinentes. Os resultados são apresentados em forma de porcentagem e mostram quanto o seu DNA é semelhante ao DNA das pessoas de diferentes partes do mundo.

Além disso, você terá um gráfico dos seus cromossomos que revela de onde vem cada segmento de DNA da sua ancestralidade.

Entenda o gráfico

O que é a pintura cromossômica?



A pintura cromossômica é uma maneira inovadora de visualizar sua origem genética. Essa técnica usa um quadro colorido para representar os 22 pares de cromossomos que compõem o DNA humano, proporcionando uma visão clara e detalhada de suas raízes ancestrais.





Como entender minha pintura cromossômica?



Na sua pintura cromossômica, cada segmento do DNA é colorido para representar até 31 diferentes origens ancestrais. Por exemplo, Espanha e Portugal fazem parte da Europa Mediterrânea, que está incluída na categoria maior da Europa. Embora sejam avaliadas populações específicas, como espanhóis, portugueses e italianos, todas são agrupadas sob a categoria de europeus. Portanto, o DNA que representa ancestralidade europeia é colorido com um tom uniforme.





Segmentação de cores



As cores na pintura cromossômica revelam suas origens ancestrais, e a análise o número e o tamanho dos segmentos de DNA permitem descobrir ainda mais sobre sua ancestralidade. 



Quando esse DNA é passado dos pais para os filhos, os cromossomos são misturados de forma aleatória em um processo chamado recombinação.



Esse processo divide os segmentos longos de uma ancestralidade em pedaços menores. Às vezes, pedaços muito pequenos de ancestralidade são perdidos durante essa mistura e não são passados adiante. É por isso que a ancestralidade dos antepassados distantes só aparece em alguns pedaços pequenos do DNA, se aparecer.



Essa mistura genética entre populações anteriormente separadas é chamada de miscigenação. Se a sua pintura cromossômica mostra diferentes cores em várias partes do DNA, isso indica miscigenação na sua história genética.





História através de cores




As Pinturas Cromossômicas mostram histórias genéticas bem diferentes, e não é só por causa das cores!



Faixas longas e sem interrupção de cor indicam que houve uma mistura genética recente.

Os segmentos curtos de diferentes ancestralidades sugerem uma mistura que aconteceu há várias gerações.

Essa é uma jornada fascinante através das gerações que moldaram quem você é.”



Na verdade devia essa resposta a todos nós! Pois meu avô nem tinha como ter esta respostas! Deve ter doído e fez falta na dificuldade que teve na vida ou talvez não se orgulhasse da sua ancestralidade. Não o conheci.Nasci posteriormente lseu falecimento,4 anos antes do meu nascimento!

     Missão Cumprida!






                Reconstrindo 

Dezesseis anos depois do diagnóstico  da Yasmim, tanta coisa se passou! Descobri minha força,  me reconstruí! Digo isso porque  aos "trancos e barrancos" meus pais me deram  o melhor que podiam! E aos poucos vi os "valores" que eles me passaram, derrubados  pela realidade que sempre existiu! Se mostraram pequenos e insuficientes. Eles lutaram contra e subsistiram nela.  Acontece  que a família  perfeita passou pelo aprendizado da adoção, logo depois, da deficiência seguida pela separação. Descobri a minha força  depois de me reconstruir  tendo estes novos dados e ir além  deles, aprender com eles! Depois que aprendi  com o estudo, me tornei capaz de voar e buscar mais conhecimento. Estou quase na metade da terceira  pós-graduação  que é "Historiografia brasileira". Preciso conhecer  um pouco mais da História  brasileira.  Tenho muito a aprender e conhecer desses temas. Nisso aí  vão  sessenta anos, mas tenho sede de aprender  e conhecer, acho que só paro de falar dessas memórias quando o  meu HD travar rs.


Parte dois



           

l  Bisavó Benedicuta,  Sandrinha                         com 1 ano, eu com 10 anos foto

                     do Luiz

Retalhos de lembranças


 Colcha de Retalhos


Busquei algo que se assemelhasse ao seu carinho

Encontrei em algo bem guardado

Quase um colo na memória

A colcha de retalhos, presente da vó.

Carinho de memorinhas coloridas e guardadas

No cantinho do coração

"Este, da camisa do João"

"Esse da saia da Conceição"

"Esse da mantinha da Marianinha"

"Esse da calça do seu irmão"

Todos bem costurados celebrando a união

De estórias, de memórias, de emoção!

Cabe também bom cetim "daquele vestidão"

Já nem fecha mais no seio que alimentou você e seus irmãos

Nessa colcha, o carinho e o calor vem na medida

Que abraça presente

Que aquece e aconchega

E teu perfume

Me traz a certeza

De que encontrei meu lugar


https://girassolpoetisando.blogspot.com/2020/12/colcha-de-retalhos.html?m=1

                               Colcha de retalhos  que a Vó Maria fez


     Nessa parte das memórias me inspirei em minha avó  Maria, a Maria Rosa. Minha avó  tinha uma máquina de costura de pedal, uma Singer preta, e passava horas e horas unindo tecidos de roupas velhas e depois, eram forradas com saco de açúcar  alvejado formando colchas repletas de cores, histórias e carinho, temperadas com as lembranças. Nossas existências  são como essas colchas, um emendado de recordações.


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-Meu pai gracejava sobre café: "Café quatro "Fs": Frio, Fraco com Formiga no Fundo"😊

Sempre gostei de música acabei junto do Carios 🎺

---Minha  mãe  trouxe quando se casou, uma boneca de louça, que pelo que soube sua irmã a Mariza também  tinha uma. É estranho falar de algo que quem poderia falar dele não  está mais entre nós. 

---O Bob, aquele cão que acompanhou meu pai andou dando uma esfrega nela, e depois disso o quarto do casal passou a ficar fechado.  

----Logo na rua do Córrego do Ouro, ficava a casa da tia Fifia (Manuelina), mãe da Juraci e do Jurandir. Fui no casamento da Juraci..------A  boneca da mãe ficava sentada  no banco da penteadeira do quarto de minha mãe, esta banqueta era forrada com o mesmo tecido que estava na porta do guarda roupas do conjunto. 

---As gêmeas Tatiane e Taciane, junto de José Roberto eram os filhos do Roberto e da Cal.

--O Bebeto, o amiguinho do Carlos de 4 patas, se chamava Bethoven🥰

-A boneca da mãe tinha vestido comprido,  não  conheço  mais detalhes  por que minha mãe  não deixava pegar. 

---Gueixa era a cadelinha que o Deca deu para Sandra, Nem e  o Lamir que ficava numa sacola  pendurada no portão para que as crianças  dessem sossego  para ela e que o "avião  levou", explicou o Lamir!

---Falando em bonecas, em cima do guarda roupas da minha tia Janda(Jandira) irmã  do meu pai tinha duas bonecas, creio serem dela e de sua filha Neuza irmã do Valter ou Valto. 

--Como menina, me encantei com as bonecas na casa da tia Janda. Minha tia morava  de parede meia com minha avó  Maria. Tudo muito simples e pobre.Tinha um terreno lembro tipo descida, ás vezes, brincávamos explorando, mas nem sei precisar o tamanho.

---"Vou te amarrotar a orelha" ameaçou para a rua o Nem que soltava pipa da janela do apartamento. 

--Na frente da casa de minha avó paterna, tinha um pequeno  jardim tomado por uma florzinha pink cheirosa, se um dia  encontrá-la reconhecerei  pelo cheiro.

---Tenho guardado no guarda roupas a roupa que minha mãe usou no casamento da Juraci. 

--Comida gostosa era feita com carinho pela tia Lady.

---Teve um Natal que só a Cíntia, a caçula, ganhou presente. Um disco infantil pequeno. Tempo difícil!

--‐Voltando à Juracy era com ela que fazia o "cozinhadinho" delicioso, só de lembrar minha boca enche d'água!

 --Depois era a casa da tia Lady e do tio Geraldinho, outro lugar de deliciosas lembranças! Junto das primas Valéria, Sara e mais tarde a Nathália. Saudade!

 ‐---No campinho do Córrego do Ouro, os meninos corriam livres com os primos  Celso e Sérgio e as pipas!

------Os meninos desciam a rua Aristides Zanetti, sem calçamento, de carrinho de rolimã.

 --Até  mesmo a dificuldade pela falta da água encanada,  a cozinha era arrumada com a ajuda de um tonel de madeira com água e muita prosa, cantoria e alegria. O trabalho terminava rapidinho  dessa forma. 

---Bisavó Benedicta( mãe  da Vó  Cici) parece uma artista na foto sentada.

--‐--Minha primeira joia💎, a Taissa!

 --O casal Roberto  e Cal eram costureiros de "mão-cheia", não  poderia  ser diferente! Eles fizeram o meu vestido de noiva e confeccionaram o terno  do  Jaci.Foi um momento  feliz  e todo ele ficou no ❤️

---Na apresentação  da Esquadrilha da Fumaça o Vinícius  sentindo medo tentava desviar o olhar da minha mãe: "Olha a florzinha bonita!"

--Chegou a  Yasmim!💝❤️🩷🧡💛💚💙🩵

 ----Lembro de ter bordado as 7 saias do meu vestido de noiva e de ter feito a grinalda.

---Passei uns 3 meses na casa dos tios Roberto e da Cal em Juiz de Fora.

---A tia Irene e o Alair, foi o primeiro casamento  que assisti.

 --Me lembro  de  muita gente na festa do casamento da tia Irene.

--- Sonhava com banheira desde que a do apartamento  servia apena para lavar roupas quando tinha água!

 -----Lembro  que meus país trouxeram amigos de São João para o casamento da tia Irene e do tio Alair.

---Jogava bola de gude com meus irmãos.

-----Jogávamos na "bujaca"!

----Sem calçamento, a Aristides Zanetti  chamávamos rua da beta .

 ----Estavam no casamento  da tia Iren: a Cezinha, a Maria Lenita e a Jacira, se me lembro  bem. 

---A Cíntia  e o Misso nos deram a Maíra, e os gêmeos a Luiza e o Lucas e todos os au-aus!

-Irene usou um coque em  seu cabelo alisado em seu casamento,  estava bonita.

---Yasmim puxou a TV na estante e a TV ficou presa pelo fio...

 ---Irene e Alair tiveram uma filha, a Ana Paula. 

---Nem rodava "arquinho" pela rua.

-Os meninos soltavam pipa no campinho da  Rua da Granja(Professor Ribeiro Campos).

---Fazíamos miséria  no "Quarto dos Passarinhos"!

----O Henrique parece muito com o Nem pequeno.

-Maíra  mora em Lavras  junto com a Kiara, sua Rusky.

----No dia que falei sobre o Jaci com os meus pais, meu pai quis proibir mas minha mãe  disse que não proibisse por que na hora que chegasse o tempo da Cíntia  talvez não  acontecesse isso

--Cíntia  vivia com os joelhos arrebentados.

 -- Na minha formatura  da graduação, fiquei hospedada na casa da Lulu, do Claudio  e do Higor em Jui de Fora!

 ---Tinha um sapato para escola de um número  que nem calço hoje...

--Tia Irene e Alair moravam em um apartamento.   A Lulu cuidava da Ana Paula, fazia uma sopa de macarão "estrelinha" muito cheirosa.

-----Num dos amigo-oculto da família, Lívia deu uma blusa para Yasmim.

 ---Nas férias  e junto da Lulu eu passava dias lá. Brincava com as bonecas da estante do quartoda Ana Paula. Tinham uma situação  financeira  melhor na família.

---O Nem por pouco não  foi atropelado pelo trem!

--Vô Laudelino era descendente indígena  e maquinista  da Central do Brasil.

 --Aprendi muitas coisas de bordado, tricot, creche com minha mãe.

---Filhão dedicado é o Higor da Lulu.

--Primeira adoção  na família aconteceu  com a primeira  esposa  do  tio Madinho, a Ana. Tinha um problema sério  de coração  creio que por esse motivo partiram para adoção. Achei lindo o gesto, mal sabia  que mais tarde eu iria adotar duas filhas. 

---Lembro-me  da Renata no meu casamento  vestida a rigor com vestido e chapéu  branco.

--Cristina amamentava o Matheus com parte do corpinho na cama, de tão grande e gordo!

-Meus pais e eu moramos por 2 anos nessa casa sem luz quando meus pais a construiram.

--Isaurinha e  Amilson são  os pais do Pedro. Mais música  na família!

----O maquinista da família, o Haroldo, faz aniversário  no mesmo 15 de novembro e não  é gêmeo do Dudu (Paulo César).  Os mais novos não  tinha o costume de chamar de tio.

-----Numa festa de família  no Natal, Carlos usou a camisa do Vasco que dei para o meu pai, Luiz.

--Talvez por terem idades próximas ás nossas Haroldo  e Dudu não  eram chamados tios.

-Haroldo foi casado com a Fátima,  e foi pai da Maria Fernanda  e da Maria Raquel que é maquinista da RFFSA.

---Uma madrugada meu avô  Antônio  saiu procurando uma casa de pijama. Preocupado...

---Helena é a filha Ana Luiza e do  Quiquinho e  a netinha amada da Lulu!

--Com meses de diferença da Taissa nascia antes Emanuel filho da Isolina e do Madinho. irmão da Renata.

---O Lamir e a Marlene paparicam a Luna, anda no colo!

-Dudu, o Paulo César  estudou um pouco piano no Conservatório e mais tarde formou-se  em Administração trabalha no escritório de  Contabilidade  da minha Tia Irene. Venceu um câncer!

---Tia Jurema, irmã  pequena  de  Aracy minha avó recebeu maus tratos de uma madrasta que queimou suas mãos  no fogão de lenha.

---"Doutor Coelho  Antônio", falava a Taissa!

---Romântico, as gêmeas idênticas minhas primas e damas de honra, perfeito! Meu tio Roberto fez junto com sua esposa a Cal o meu vestido de noiva! 

---Elaine  esposa do Haroldo  teve a Laura, Amanda e o Pedro em Juiz de Fora. --  --  

-Do Lamir e da Cristina ganhamos o Matheus!

----Árvore  genealógica  sempre foi meu foco. Anos atrás  desenhei uma árvore genealógica da família  do Jaci, cujas as raízes  eram Dona Alice  e Seu Agostinho, pensei em desenhar a nossa mas depois de certo  tamanho em diante  seria complicado,  apareceriam vácuos! 

---Isaurinha  arrumando  a casa cantava ouvindo Bethânia  e Benito Di Paula, pura alegria!

----Do Nem e da Vanda vieram o Vinicius  e a Lívia. 

-Na época da minha avó Cici morando na Capitão Nestor tinha a vizinha Tia Jura (Jurema) mãe da Alba, da Sussuca e da Andréia. Lembro  do primeiro  beijo e que a luz do poste apagou!

-‐---Vó Cici tricotando  sapatinhos para os netos. Eu e a Lulu paquerando os irmãos  Cidinho e o Bebeto. Do uniforme escolar cinza da Lulu do Polivalente e dela arrumando a bolsa para fugir, enquanto era observada pelo Haroldo. Minha avó  Cici fazia o almoço, tranquila.

---Meu pai nos fotografava em posição  de sentido.

----Lembro-me  que os tios  Roberto e Haroldo nos visitavam nos finais  de semana e traziam uma pequena vitrola era uma festa!

--Irene olhava a festa da cadelinha Maitê e ao fundo o apito da RFFSA. Alair sempre tranquilo e muito cordato. De bigode bem aparado. Apartamento confortável, o quarto da Ana  Paula já não  tinha a estante de bonecas. 

----A cadelinha Milla era bem encrequeira, mas tirávamos ela da encrenca colocando ela no colo!

-----A Lulu ficava "toda prosa" com as sobrinhas "branca", Ana Paula  e a morena, Cíntia!

-China (Ademir) irmão do meu pai, era pai do Adelson e da Adelita eram de São José dos Campos.

---Lucas desenha super  bem!

-----Mariza e Manoel já  moram sem a Márcia,  o Preto (Márcio) e o Marco. Provei lá  o angu branco que não  conhecia. Muita volta para chegar no  "Ó",  o bairro!

---Dircinha foi a primeira esposa do China, mãe do Adelson e do Alex.

--Delícia  ouvir o Preto cantando "Canteiros" do Fagner.  Muito "Pó de Carbureto".

---Luíza tem os olhos claros como o meu pai.

---Com o Rafael, ganhamos  o Nicollas!

----"Parabéns", Yasmim disse quando a Yana da Najla fez um aninho!

----Eu achava a tia Irene irmã  do meu pai bonita! Ela era mãe da Edinha com marido filhos moravam em São Paulo.

-Graças á miscigenação a maioria da família é parda e parte preta. Somos brasileiros!

---Lina(Celina) era irmã  mais velha do pai, Luiz. Era mãe  do Téte, do Vicente e da Nilzinha.

 -Quando "tocava" na flauta soprano "Carinhoso", pensava no meu vô Antônio. 

--Da Taissa e do Alex, veio o bisneto Henrique!

--Dona Cici era muito boa de conversar era bem atualizada!

--Pipas grandes eram conhecidas como caixotes...

---As irmãs são: Taissa, Najla e Yasmim.

-Lulu tinha amigas italianas de famílias ligadas à Carbureto; a Jane e a Kiko, me lembro que uma delas era loura.

-Meu avô Vicente fez um "mancebo"para coar café de ferro).

---- "Mamãe", " molo", "pizza","patel", "acu", Yasmim pediu!

--Tio Dizinho (Jurandir) era o irmão mais novo da vó Cici, era radialista em Santos Dumont.

---Devo ter "puxado" minha vó Maria, adoro vinho!

----Madinho trabalhou muito tempo na gráfica  onde faziam latas.

---Yasmim chama a Taissa  e o Henrique.  "Tatá" "Ia".

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Tentei cozer uma "Colcha de Retalhos de lembranças"  e assim fazer uma árvore  genealógica  diferente,  a que posso fazer! Um carinho em todos!


                   Sem mais até aqui!

Sandra










COLCHA DA VÓ MARIA

Colcha da da Vó Maria DNA parte 2 Somostodos parte de uma Colcha tecida e vivida ao longo dos séculos! O tecelão caprichoso junta Cores, te...