segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Pobre menina rica

 

 
                                            https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiNx6y7AWq0WZnsPAh8DU6D-eZiIdxCvE_ZbzpVRcvF75t8NIQw20LDzwrSNa-nnpL1BTkg83kUD8V4A9IEUn0PmKA3HmgFLSyzF0BxPKRHFKyAT0quZOoDQL6OZyEUOlSOMfP9WitUg0/s1600/flor-espinho.jpg

Nem em um relance engana.

É infeliz! Apenas uma criança,

Do alto dos seus 11/12 anos,

O sorriso e o brilho no olhar, ausentes!

Contraste com o sorriso de quem a vê como troféu,

Moeda de troca por um peito cheio de estrelas

Formação rígida, militar para que seja disciplinada, nunca erga o olhar.

Não povoará a mente e o coração com sonhos, com beijos e paixões tão comuns na flor que desabrocha.

Lhe firmarão na estaca da hierarquia como um enxerto plantado ao bel prazer do jardineiro 

Nunca esticará o ramo em outra direção

Talvez torne-se bela rosa, mas os espinhos criados para afastar afetos serão a cerca para pétalas que com tempo perderão o viço,

Já se esconde em feições carrancudas e um cabelo domado em um apagado "rabo-de-cavalo".

Um "bibelot" em sua redoma.

Pobre menina rica,

Terá nas mãos o que o ouro puder comprar.

Muita coisa, que o olhar entediado talvez brilhe

Talvez não conheça a lealdade e a cumplicidade de uma amiga

Apenas abraços por interesse - afetos com o preço na etiqueta,

Que fica esquecida no frenesy da novidade

De uma vida cheia de solidão.

Que a vida lhe permita mãos dispostas a segurar a sua quando ficar triste,

Que exista na sua vida chances para se emocionar e que descubra a utilidade desse órgão no peito 

Que não te ensinarão que existe e ele irá bater descontrolado por alguém,  assim saberá que venceu o amor e não o ódio e um sorriso iluminará seu rosto.

Desejo para você por que acredito que mesmo com  essa maldade que te circunda, Deus deve ter um propósito para você estar aí. 

Tem traços do pai. Espero que apenas isso!

terça-feira, 17 de agosto de 2021

“Um presente cheio de passado”

 

                                                                                              https://www.espacodocuidar.com.br/o-tempo-corre/

Um presente cheio de passado”

Lília Schwarcz

 

 

-Escravidão, racismo e autoritarismo





Lília Moritz Schwarcz ainda não tinha o doutorado quando publicou, em 1993, O espetáculo da raças”,e precisou enfrentar resistência ao tocar no tema racismo. Nele afirmava que nossa Democracia racial estava a um passo de um 'apartheid' racial.

Quando foi implantada a “Democracia Racial” buscou-se por uma decisão de cima para baixo, jogar debaixo do tapete séculos de situações mal resolvidas e determinou-se que fossem esquecidas. Poderia ser uma solução se o racismo não estivesse tão eivado na sociedade e nas classes sociais. Logo após a “Abolição da Escravatura”, as desigualdades tornaram-se claras e as mazelas tornaram-se feridas abertas. Aos negros foi negada a cidadania, mesmo pela República. Negros não podiam ser alfabetizados, terem propriedades e continuaram a ser mão de obra para trabalhos pesados ou domésticos. Ao mesmo tempo, o incentivo a imigração européia com o claro intuito de “branquear” a população de grande parte negra, índia, mestiços das duas raças, além descendentes de portugueses nascidos aqui. “Teorias científicas” do fim do século XIX e início do seculo XX, atestavam que o europeu seria uma raça superior, em detrimento de outros povos, o que justificou a exploração destes. Mesmo tais teorias , com o tempo refutadas foram incorporadas  ao 'senso comum' o que influenciou na estruturação da sociedade em formação. Negros continuaram ser uma raça 'impura', que deveria ser mantida a distância, 'má índole', 'criminosos', 'proscrítos'.

Hoje vemos o resultado, dessa 'pecha' na crescente desigualdade. No olhar desconfiado dos bairros de classes  média e alta, que ao 'empurrar' as populações pobres para as margens da sociedade, relega a eles, um tratamentos igual dado aos negros desde o início marginalizados. Bairros populares sem investimento em educação, em saúde, em infraestrutura e em segurança são locais de 'batidas' policiais e com frequentes vítimas de balas perdidas ou de exploração por milícias.

Nesses endereços, o policial pobre - muitas vezes negro - se vê como autoridade impondo aos iguais o autoritarismo e o racismo que sofre da estrutura. Aprende tratar vizinhos como suspeitos, bandidos elimináveis, e, se esquece que só é mais uma peça nesse jogo que todos têm em si o alvo tatuado.

Passa o tempo e revivemos as feridas do passado, que não passa! Para acontecer a mudança, precisamos falar de racismo, pois a ferida já se tornou crônica.  O racismo é uma invenção branca para justificar, não só a exploração da mão de obra, mas as perversões que resultaram em famílias destruídas, órfãos, gerações inteiras tendo o  crime como opção.

Essa visão desumana faz estruturas de poder, de segurança, de educação, de saúde, dispensarem à população negra uma constante opressão e que a própria religião ajudou na propagação da dita “A maldição de Cam” que os próprios negros são convencidos do 'defeito de cor', buscarem sem vitória aparência de branquitude, não assumindo cabelos, vestuário, costumes, que eles próprios cuidaram de apagar.

O autoritarismo sempre esteve entre nós como forma de manter o 'status quo'. Nada de verdade é modificado, para que continue existindo o elevador de serviço, o quarto da empregada, que o brasileiro 'ostenta' diante do incrédulo europeu. Este europeu, já passou da fase sádica desse tipo de sociedade mas vem de lá essa prática, apenas estamos alguns séculos atrasados.

No filme “M8” esse -“Racismo estrutural”, de Sílvio Almeida - é demonstrado de forma clara. Não são vistos negros em posições ocupadas na maioria por brancos, porém os negros lá estão, invisibilizados como faxineiros, motoristas, porteiros e mesmo cadáveres para estudo. A sociedade racista mantém 23 ngros morrendo por minuto. Destes até as lágrimas são silenciadas. Como cidadãos , nunca existiram.

O negro vive em todos ambientes, a não ser na sua casa, o preconceito racial, a desconfiança, já que a carteira profissional funcionou como atestado de não vagabundagem muito tempo. Em tempos que o emprego com carteira assinada se torna cada vez mais raro, mais e mais serão alvo de discriminação. Mais mães procurarão seus filhos desaparecidos e julgados pelo guarda-da-esquina, empoderados pela farda, vide Jacarezinho. M8 é um drama real e diário. Onde ao negro tudo é negado. A dita meritocracia, não funciona para quem  tem que competir e sobreviver ao mesmo tempo.





Sandra Corrêa Nunes, 17 de gosto de 2012 – Grupo Escravidão em São João Del-Rei e Vertentes


sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Não tema Beija-flor!

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 Certa feita um Beija-flor invadiu a janela da minha vida

Estava tudo sem cor. Me fez olhar no espelho e me vi!

Sol na Terra. Flor nos olhos dele.

A poesia criou vida. Sorriu travessa.

Ousada, pétalas  abertas, em festa, só pra ter o seu olhar!

A pequena vida bailava com a leveza e a pressa de mais amor beber!

Ela se sentia o Sol de todos os dias, acariciada pelo Beija-flor!

Se tornou um lindo conto!

"Estou com medo...", disse o Beija-flor, valente mas cansado.

Tanta beleza emprestou, tantas paragens encantou

Quer mais um pouco bailar e encantar,

Ver sol brilhar, lá e cá!


Não tema Beija-flor!

O meu Sol com você está!

No seu peito! E de manhã vai nos iluminar!


sábado, 7 de agosto de 2021

Terra menina


                                                       
https://publisher-publish.s3.eu-central-1.amazonaws.com/pb-brasil247/swp/jtjeq9/media/20210806200828_418c96ef-a41a-41fe-9904-ad7116ff01c9.jpg

 A morte da adolescente kaingang Daiane Griá Sales, de 14 anos

Que lugar é esse

Que não basta tirar o ar?

A pureza arrancada

De violência violada

Flor despetalada

Com a mesma gana

De destruir o belo

De rasgar a poesia

De pisotear o coração da Terra

Arrancaram uma florzinha 

Condenando ao luto nosso chão

Pelo cabelo escuro como a noite

Escorre pelo cenário

Olhos acostumados com a amplidão

Rosto acariciado pela brisa

Não mais a vida pode no ventre trazer

Como a Terra que agora te traz no colo

Te cuida as feridas que a falta de alma de alguém te provocou

Tua Mãe expurgará tão indigno de nela descansar!

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Mitômano

                                            https://i.pinimg.com/originals/e3/99/f0/e399f0a8b297d7170383a0eec5f5beeb.jpg
 

Para não negar o título

Para seguir o caminho

- tira o chão.

Atira no lixo o mapa

Destruindo de vez a redenção;

Que ranjam dentes, que não aja porvir

Mãos sujas, empunham armas,

Batalhões de especialistas em massacrar

O sorriso roubar

Desalmados armados

Não esperamos, sabemos!

Que fizemos a manhã

Que será outro dia!

Vemos isso de cima

Onde a tocaia não logra, o punhal não atraiçoa

Nos olhos a esperança lumia "farolando" a Vitória que virá!

Em  um mastro terminará

Esse símbolo que por dever moral 

Será da imoralidade, da demência, da injustiça, da corrupção, da desumanidade, do que não deve ser!

Deleta!

Bom dia, DIA DA MULHER!

                   Arquivo pessoal  Bom dia! Levei um tempo em perceber a importância desse dia! Não  a data! A importância  por si mesma ve...