sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Te quero, assim distante...


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Meu olhar procura pelo teu

Coração bate miudinho

Te chama baixinho no vento

No cantar do passarinho

Que-bem-contigo-me-viu

No bailar ligeiro do beija-flor.

Ouço o teu chamar na tua solidão  acompanhada

Na tua agenda repleta da minha ausência!

Está aqui nos meus versos

Que do teu clamor,

Te declaro amor

Te trago aqui

Junto de mim!

Ufa! 2022!

                                                                   

                           
                                                        https://www.facebook.com/photo?fbid=10159748185603658&set=a.10151700852473658


Tão sonhado, onde depositamos todas as esperanças.

Todos esperamos. Que o pesadelo tenha fim, finalmente, não é redundância, é uma súplica!. É o que

 queremos!

Para mim esse pesadelo teve início assim de terminada a apuração de 2018. 

Não saberia contar da imagem que povoou meus sonhos desde então.

Me causou pavor e desesperança  o cenário que se formava diante dos meus olhos. 

Morte.

Antes, preciso contar algo que aconteceu em maio de 2018. 

 

No dia 30 de maio. Assisti ao um vídeo do líder  espírita Divaldo Franco, que em tom sério alertava para que não elegêssemos de maneira nenhuma,  Jair Bolsonaro.




                                                                                                       prints da publicação no Facebook e YouTube

  Fiquei assustada por que na minha infância frequentei com o meu pai um

 Centro Kardecista, e mesmo não frequentando respeitava  o espiritismo.  Terminado o vídeo, fiz uma

publicação no Facebook, contando em linhas gerais o que ouvi. Nessa publicação citava meu irmão

 que era espírita, Carlos que era evangélico e eu que me considerava católica. Até isso, conseguiram nos

 roubar, a confiança no Divino. Deus, mas escrito em minúsculo esteve em bocas tão sujas...  O líder

 tem o nome de 'Messias' mas não tem coração. Não sei dizer se eles, meu irmão e Carlos,   assistiram.

 Sei que em 2019 a publicação apareceu na memóriadessa rede social e eu quis assistir novamente para

 compartilhar.

 Meu susto foi grande quando vi que o vídeo tinha desaparecido e no seu lugar apareceu 

uma propaganda pró - Bolsonaro. Questionei a amigos espíritas sobre isso e ninguém me respondeu

 sobre o destino do vídeo ou se sabiam do vídeo.

Podem me dizer que estou sugestionada. Talvez!

Mas os acontecimentos no país, confirmavam que alguma coisa estranha estava acontecendo. Por uns

 oito meses não conseguia conciliar o sono. Acordava assustada, confusa e com medo. 

Foram tempos difíceis!

Pressentia. Não sabia dizer o que era, mas via vermes devorando carnes. 

Não me peça mais detalhes, o que ficava claro era o pavor que sentia no ar. Eu estava lá!

Sentia minha respiração  pesada, algo ruim  aumentava no ar. No país o bom senso desapareceu!

 As coisas ficaram tão estranhas, que temendo alguma agressão ou bulling, parei de levar minha filha

 deficiente na escola. O clima estava pesado demais. Não estaria exagerando se dissesse que as pessoas

 olhavam para as outras como fossem atacar de repente como cães raivosos. Muita coisa acontecendo

 no país. Coisas que poucos anos antes provocariam uma DR (discussão da relação) na sociedade. 

Pessoas questionando Direitos Humanos como se não fôssemos todos humanos. Como se precisassem

 ver  sangue, e morte. O mandatário - mor em 'canetadas' tirava direitos, e por decreto desfazia as leis

 existentes. 

Descaracterizou a frágil democracia do país. Como se não bastasse,  ministérios com ministros que

 negam as pastas. Uma maluquice geral!

  A nuvem de tempestade  que envolveu o Planalto, se espalhou pelo país afetando os humores. 

Pessoas se estranhavam, discutiam.  Mas isso que acontecia, não era no meu sonho, era real, continua

 real. 

Coisas inacreditáveis acontecem. Os que bradavam aos quatro ventos contra a 'corrupção', agora nos

 esfregam na cara a corrupção deles.  Liberaram  armas. Milícia se sente poder. Presidente decide sobre 

a saúde da população, não para proteger, mas para eliminar. Estou mentindo?  Mas a parcela de

 fanáticos apoiadores, gestados na anti-política e no ódio aos divergentes, pensa que sim!  Numa

 crônica Eliane Brum diagnosticava: O Brasil estava doente e adoecia os brasileiros. O artigo "Doente

 de Brasil" <http://www.aldeianago.com.br/artigos/7-cidadania/22181-doente-de-brasil-por-eliane-

brum>.

 A maioria da população sem emprego, os mais  pobres passando fome.  A empatia faleceu!  As pessoas 

reagem como inimigos. Milhares de mortes por Covid - 19 não uniram a população. Escrevi algo sobre 

um 'Tempo inacreditável':

"É tão surreal o que vivemos vendo a realidade negada

Nem direito de chorar a partida temos

Quem parte chora sozinho, quem fica chora baixinho...

O ar que já não é bastante

O pão insuficiente

A labuta permanente

O sol nasce e se põe, na mesma toada

Com choro e sangue

Dos olhos famintos, injustiçados

E o roteiro não muda, conhecemos de cor o enredo

Vão sugar até a última gota ...)"


 O ódio rouba a razão. O desamor campeia como se nada mais importasse.  Pessoas

 tornaram-se ilhas. O mundo teria de ser maior para que ninguém pudesse se tocar. A Terra pede

 socorro. O capital quer  sugá-la a exaustão. E que os cofres se abarrotem. De repente senti  uma

 urgência de fazer alguma coisa para ajudar.  Não sei qual , não sei como, mas tenho de fazer. 

O pesadelo está aí dando as cartas e é de todos, mesmo daqueles que não percebem estar nele.. Aí o

 Pandemônio criou as condições necessárias  para que a Pandemia do Covid - 19 aqui tivesse sucesso,

 Mais de 600.000 mortos. Famílias destruídas, choram abandonadas seus mortos. - "Não sou coveiro!"

 Tragédias climáticas acontecendo, resultando em mais dor e mortes. E o  representante maior se dá

 férias... Em nome da preservação da minha sanidade mental, escrevo compulsivamente. Não importa o

 tema, o estilo - preciso falar! Contar para os que vierem, o que aconteceu no país nestes anos. em outra

 publicação no início de 2019, disse que o Brasil tinha tropeçado e caído da escada. Tropeçar precede a

 queda é lógico,  para a frente e não a caminho da Idade Média ou Idade da Pedra! Poderia falar do

 panorama político desses anos, porém, convido aos leitores para uma  longa e detalhada pesquisa no

 Google, revistas, jornais, no YouTube, pois foi 'maratonando' vídeos, primeiro a esmo, e de canais

 progressistas ou de esquerda, que encontrei a ajuda que estava escondida na mídia corporativa. 

Diga-se de passagem,CONIVENTE com tudo o que  aconteceu. 

Digo que através desses canais, consegui entender o que estava acontecendo não só com o Brasil e sim,

 com o Mundo. O Brasil está  'embarcado' nele e sofre todos trancos de forma leve ou acidentada...

Mas agora no limiar do nascimento do novo ano, ansiosos,  aguardamos a volta de alguma normalidade

 no Brasil. Esperamos que o ódio e sentimentos mesquinhos, que tomaram conta do país desapareçam

 como num passe de mágica do nosso horizonte! Que o bom senso governe nossas opções! Que 

 lembremos que como Nação todo o povo é irmão! Que não deixemos o ódio apontar o caminho. Que a

 gente consiga conceber caminhos que nos levem ao futuro que o Brasil que nós merecemos, nossos 

filhos merecem!

Feliz Ano Novo! 

Feliz Amanhã!


quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Carinho em gotinhas

 

                                                         https//cdn.vezdavoz.com.br/wp-content/uploads/2018/03/sonhar-com-chuva-caindo_300846980.jpg

Outro dia nosso!

A chuva acaricia  sua amada.

Me lembra você com doçura de carinho

Arco-iris  de beijinhos,

Sol a me sorrir

Aquece no seu abraço

Me deita no seu ninho

Ouço o cantar do passarinho

Me extasio no azul do teu amor

A chuva acalma

Se recolhe em minha alma,

Acalenta meu coração

Volta rápido carinho em gotinhas

Traz no vento teu cheiro

Aquece a emoção.


quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Vício

                                                             www.significados.com.br


 Teu cheiro compulsão gostosa

Que me traz você, e junto dele

Lembrança carinhosa, que me arrepia e me revela!

Faz suspirar e gemer por você...

A noite que parecia se cor

É invadida por uma brisa leve a me acariciar

Minha mão, a tua guia

Por vales e tesouros guardados

De pura felicidade

Me achego mais

Minha respiração à tua faço par

Nos entregamos em na dança de amar.

Depois? Nos teus braços, mais sonhar


terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Amor Flor rara



 Amor - flor rara,

Tal como sonho bom

Delicioso bombom

De licor recheado.

Ah! Quanta doçura embalada

Pura beleza "petalada"

De delicadeza formada.

Teu olhar atrai, busca e traz,

Você e teu cheiro para mim

Teu beijar chuva de carinhos

Teus braços, meu cantinho.

Qual para flor me olha com adoração.

Para eternizar o instante

Como um diamante que a vida,

Te faz  presente!


segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Sonho escrevendo




Na minha torre
Em intermináveis dias
A vida passa mais rápido do outro lado da janela.
Aqui, rasteja, no máximo, caminha.
Dias são preguiçosos, previsíveis. 
Ás vezes enfadonhos. Emoção no máximo na leitura.
Sei como amanhecer e anoitecer.
Feliz por ter planejado minha gaiola dourada...
Confortável, segura, com pequenos  luxos.
Aqui banho-me qual Rainha do Sabah, se essa for minha vontade ou faço delícias no fogão de  lenha.
Se eu quiser. Tomo um chá com torradas
(se tiver).
Meus limites determinam como trabalho, como me divirto, como descanso.
Quando decidi escrever esse texto pensava falar sobre os dias que faltam para o ano que vem e das promessas para ele 
Percebi que muitas pessoas viveram, em parte, a minha realidade nessa pandemia. Mas não com tanta qualidade. Li, fiz muitos cursos, pasmem - fiz muitos amigos, sem sair de casa. Escrevi compulsivamente. Minha escrita é minha voz. É meu sonho. Nela posso viajar, inventar.  Me dei conta que mal conheço  São João del-Rei. Não  conheço  o Bichinho (Vitoriano Veloso), mas conheço  o Mar. Escrevi a falta que sinto  dele.
"Olhar o mar

Chorei essa saudade - olhar o Mar!
Ouvir seu cantar!
Me deixar levar!
Do alto da minha torre essa tristeza e esse medo tenho - não mais!
Pelo menos,
Olhei, ouvi sua voz e fui...
Até onde ele mora em mim!..."
Por isso escrevo! Por que  vivo de sonho.
Ano que vem, sonho com caminhadas - faço quando saio. Sinto o ar no rosto, me exercito  um pouco. Ler os livros que tenho. Escrever muito  mais. Poetisar (meu  verbo), me indignar, chorar, amar, me apaixonar. 
Dia 31 ganho um livro/caderno novo. Leio o conteúdo, faço anotações  nos cantos, nas margens, nas entrelinhas. Rabisco ou grifo palavras, trechos. Releio e aprendo. Mais uma vez escrevo. Aprendo.
Escrevo um 2022 bem melhor!
Será!


domingo, 26 de dezembro de 2021

Então é Natal

                                                              https://www.facebook.com/SociologiaEAnalise


Fim do ano.

Mesmo você tendo certeza que a tarefa não foi terminada, você para.

Aí você se dá conta que tudo que tem para se alegrar é ínfimo diante da tristeza que muitos ainda vão chorar.

Você pergunta: Não tenho graças a dar?

- Eu sim. Muitas!

Porém  não é por que tenho pouco mas o suficiente, que fecho os olhos para a imagem que escancara diante dos olhos!

Não tem mesa farta.

Não tem alegria.

Não tem dignidade.

Ingratidão da minha parte?

Talvez!

Enquanto a minha realidade não for realidade, todas as canções e sorrisos serão mero teatro. Para uma plateia  querendo ser enganada!

Vai  noite, segue o dia, passa ano, corre década, vai a vida...

Tudo no mesmo lugar. Seguindo a receita dada. Para que alguns tenham a mesa farta e ao fundo cânticos que falem de utopia, guerras são declaradas, a fome campeia e a lágrima  rola!

Quando a receita se espalhou - falavam de Alguém que viveu nesse mundo de injustiças e te convenceram que havia um Plano Maior! 

Qual nada! Você nasce e descobre que nem todos nascem igual. Nem todos vivem. Nem todos moram. Nem todos comem.

Qual a lógica perversa da receita?  - Continuar como está!

Para que pragas suguem a seiva,  abarrotem seu cofre. Se alimentem da vida que ceifam - para eles Todo dia é Natal!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Memória

                              https://images.app.goo.gl/oxjd4ZjTJKJJxFEZ6


A nossa memória  é  uma caixinha  guardada no coração. Nela são  guardados retalhinhos nossos. A voz amada. O cheiro do bolo preferido. O sorriso que te encanta. O colo, que mesmo na lembrança, te aconchega. Aquela alegria que te move! Todos temos. Acontece que crescemos é abandonamos nosso relicário em algum canto.  Nossa História, merece respeito e deferência por ser de todos. Zelo pela importância  que teve e pelo que será  construído a partir  dela.  O que  vivemos hoje , é que poucos se atentam, é que  construímos o que  será  para  nossos  filhos. Estamos construindo o relicário deles. Então  não  trate como descartável  o passado. Trate-o com o respeito por ser vida numa época diferente e que teve e tem sua importância.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

O charme da simplicidade

 

                                           
https://blogdomarcondes.cimm.com.br/wp-content/uploads/2013/04/Simplicidade.jpg

Tem toda a pompa e circunstância do lugar

Mas com a aura da simplicidade.

Fala mansa, paciente, sábia.

Passos firmes de quem está no seu lugar

Todos são teus por que conversas com eles

Argumenta, ouve, sugere

Liderança sem opressão

Não cumulação,  cresce com a divisão

De tarefas, de fazeres, de saberes

Firmeza com doçura

A alma que no fundo

Augura colher ventura

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Preguiçosa tarde

                                                                   arquivo pessoal

Me entrego ao ócio

Primeiro entreabro a porta para não me surpreender com a desordem.

Já desisti de estabelecem alguma ordem. Meus pensamentos voam livres por ai.

Conheço cada canto, claro fui eu quem construiu. Meus segredos guardei.

O olhar prescruta algum pensamento novo ou algum sonho antigo que deixei para depois. Descobri o prazer de estar só!

De rir sozinha quando me apanho em pensamentos travessos; desejos que me fazer corar, ou um  tema a ser escrito. 

Isso me empolga, é como um nascimento. As idéias fervilham, eufóricas. Conseguem me tomar de uma ansiedade imensa.

Como um parto, quero ver o rosto.

 Minha visita segue, encontro questões sem resposta, algumas urgentes também. Mas nessa tarde , não!

Decidi que nem um tema vai me pegar de assalto,me esvaziar as lágrimas; envolver minha ternura ou me indignar de perder a razão. 

Vou simplesmente ler - poesia talvez. Tenho um novo livro. Um carinho de alguém que me inspira...

Não quero a seriedade do contexto, o meu ou do entorno. Me deixaria mais cansada e não é essa a intenção.

Na escrita , não importa o tema, me envolvo muito. Amo de forma doce, ou passional, me derreto em lágrimas de genuíno sofrimento.

Se falo do sofrimento de outrem, sou pura empatia. Por isso consigo falar de temas difíceis dos quais nunca vivi.

Hoje mergulho em mim, falo de mim. De certa forma um abrir gavetas para uma necessária limpeza. Talvez o fim do ano, talvez o compromisso de recomeçar a partir dali. Nova fase? Sei lá! Não escrevo por compromisso. Tem tempos que escrevo muito, outros me silencio. Assim deixo espaço para a vida me provocar e  eu reagir escrevendo. Agora vou aproveitar a tarde preguiçosa, fechar os olhos e adormecer. Até!


Uma brisa

                                                                         https://maestrovirtuale.com/wp-content/uploads/2019/10/cordillera-andes.jpg


Um refrigério nesse hálito infernal

Lá dos Andes, o vento fresco da esperança.

Enfim a Paz de Jara?

As mãos decepadas tocam harpa nas Cordilheiras

onde o condor passa e faz ninho

E a índia tranquila masca sua folha.

O direito de viver em Paz

Que peitos ocos estrelados roubaram

Do povo valente - Allende matou.

Mãos calejadas, cansadas de desesperança 

A vida levou!

O sonho de todos tirou em nome do viu metal

A todos humilhou.

Eras de fogo as almas desses queimarão

Enquanto vidas injustiçadas chorarem

Não haverá perdão!

domingo, 19 de dezembro de 2021

Hoje eu chorei

 

                                                        https://i.ytimg.com/vi/R57HdWjF-nM/hqdefault.jpg

Nenhuma novidade.

Tem sido rotina. 

São tantas coisas que nos entristecem,

Que mal nos restabelecemos de uma

E somos derrubados por outra avalanche!

O pai chora o desemprego,

A mãe chora a fome do filho.

O filho chora de desespero sem os pais saberem.

E amanhece outro dia, mais outro.

Os olhos se erguem buscando a solução.

Não tem caminho, não tem chão.

Fizeram a proeza de nos deixar sem razão.

E aí os dias se seguem, rastejam de cara no chão.

Sonhar precisa de estômago cheio de pão.

A luta precisa de um povo irmão,

Que sinta o outro como parte.

Se dói nele de mim tiram o pedaço.

Eu vejo sua dor, escuto o seu clamor!

Amanhã não mais choro,com ele luto!


Nosso presente está lotado de passado

            

                                                                         imagens da Internet

           Essa frase foi cunhada por Lília Moritz Schwarcz  no livro “Dicionário da Escravidão e Liberdade” de 2018.  Essa afirmação aos poucos é percebida pela classe pobre, que não por acaso é formada por negros ou descendentes deles. Nessa publicação a autora discute a importância da palavra e das expressões na manutenção de uma sociedade racista. Em um artigo recente da BBC são apontadas expressões racistas que foram incorporadas no vocabulário brasileiro. Dessa forma, estas falas racistas são naturalizadas reforçando o racismo latente do brasileiro.

Não sem intenção o Grupo Escravidão em São João del-Rei e Vertentes foi pensado. Entendendo o Brasil germinado nesse contexto racista, São João del-Rei e a região das Vertentes não fugiriam a regra. Dessa forma estudando a escravidão como um fenômeno maior, decidimos estudar o racismo e a escravidão  tendo como base o contexto nacional. Nesse contexto, nossa Democracia racial sempre esteve próxima de  um 'apartheid' racial. Não buscaram entender e “trabalhar” a população na  percepção como um todo. Sem que parte da população – a negra e indígena – fossem consideradas inferiores pelos brancos. Buscou-se por uma decisão de cima para baixo, jogar para  debaixo do tapete séculos de situações mal resolvidas, determinando que fossem esquecidas. Não foi uma solução inteligente pois o racismo estava eivado na sociedade.

Quando da “Abolição da escravatura” as desigualdades sociais tornaram-se evidentes, a classe política precisou justificar a exploração escancarada das classes pobres, um Darwinismo racial – pseudociência - que embasou os discursos racistas desde então. Ora, se já não existisse esse pendor racista, a sociedade refutaria esse discurso. Partiram para a tentativa do ”branqueamento” da população. O que percebemos é que a escravidão não havia  sido digerida e superada na “Lei Áurea”, buscou outra forma de justificar a exploração do negro. Aos negros foi negada a cidadania, mesmo pela República. Negros não podiam ser alfabetizados, terem propriedades e continuaram a ser mão de obra para trabalhos pesados ou domésticos. De forma concomitante, trouxeram imigrantes europeus para ‘tirar’ o defeito da cor com o claro intuito de “branquear” a população de grande parte negra, índios, mestiços das duas raças, além de descendentes de portugueses nascidos aqui. Atestando que o branco europeu seria uma raça superior, em detrimento dos outros povos.

 Hoje assistimos o resultado, dessa 'pecha da impureza' na crescente desigualdade. No olhar desconfiado dos bairros de classes  média e alta, que ao 'empurrar' as populações pobres para as margens da sociedade, relega a eles, um tratamento igual ao dispensado aos negros desde o início marginalizados. Bairros populares sem investimento em educação, em saúde, em infra-estrutura e segurança, são locais de 'batidas' policiais e com freqüentes vítimas de balas perdidas ou de exploração por milícias. Aqui, o policial pobre - muitas vezes negro - se vê como autoridade impondo aos iguais o autoritarismo e o racismo que sofre na instituição. Trata vizinho como suspeitos, bandidos ‘matáveis’ e, se esquece que só é mais uma peça nesse jogo que todos têm em si um alvo tatuado.

Mas nem sempre foi em silêncio, sem luta e sem grito de dor. Foram muitas as revoltas dos pobres e escravizados, apenas foram massacradas, apagadas da memória da população para que, empoderados, não tivessem escola. Desde a infância aprendemos pelo modelo. Que diferença faria ter aprendido na escola sobre O Dragão do Mar, Francisco José do Nascimento; João Cândido Felisberto – O Almirante negro; a Escritora - Carolina Maria de Jesus, Vitoriano Gonçalves Veloso – O conjurado negro? Sim, nós os negros podemos! Não estamos condenados à servidão desde o berço! Qual o interesse e no manter debaixo do jugo do branco, a não ser, manter o status quo e deixar rolar condições para manter, de forma velada a maldita escravidão! O capital e os que sempre decidiram tudo, estão satisfeitos – silentes e coniventes. Por isso o Grupo! Para que a reflexão e a discussão sobre Negritude e Branquitude sejam realizadas neste espaço onde a sociedade são-joanense se faz representadas. Aqui, temas políticos, de saúde, educacionais, financeiros, sociais etc. são discutidos e, de  alguma forma, pensados. Tendo ciência da importância deste espaço,  comecei a questionar se dentro do IHG havia essa percepção da desigualdade que campeava fora das paredes da instituição? Numa radiografia rápida, a não existência em seus quadros da representação popular e principalmente negra. Não podem negar que, esse é o fenótipo da maioria da população, como não é negra a maioria dos confrades? Estou enganada em afirmar que falamos de uma instituição comunitária? Está no portfólio do IHG algo sobre a cadeira de”Notório saber” através da qual o Sr. Geraldo José da Silva tornou-se Confrade. Algo revolucionário por ser o PRIMEIRO. Será que foi o único na região de “Notório saber”?

Um homem, pobre e negro foi reconhecido pelo IHG, sem nenhum demérito para a academia. Como um ambiente de saber, sabemos que o conhecimento se faz no somatório de diferentes saberes. Todos têm o que ensinar e todos nós podemos aprender! Antes de tudo o IHG é um órgão que deve irradiar afetividade dentre a diversidade e o conhecimento. Só assim podemos buscar na comunidade o compromisso de cuidado,do zelo e proteção do bem comum – nosso Patrimônio. Falando de patrimônio = memória,  por que temos memórias de menor ou maior valor? Conta o peso do cofre do personagem em questão? Por que os heróis populares têm dois defeitos – a cor e a pobreza.

 

 


João Cândido Felisberto – O Almirante negro

 

Assim foi com João Cândido Felisberto, descendente de ex-escravizados, nascido em 24 de julho 1880, teve bem sucedida carreira militar na Marinha do Brasil. O primeiro personagem estudado pelo Grupo realizou um grande feito e conseguiu liderar uma revolta de marinheiros de nome de Revolta da Chibata. De posse de um poderio marítimo assombroso para época, mostrou sua perícia ao navegar na Baía da Guanabara nas grandes embarcações. Como comandante da revolta, agiu de forma respeitosa, porém firme nas negociações. O que foi negociado, foi cumprido, pelo menos de sua parte. No momento de maior impasse, apontou os canhões de um Encouraçado – o  Minas Gerais – para a cidade do Rio de Janeiro, deixando a população atônita. As exigências eram de que os marujos recebessem alimentação digna como integrantes da Armada e que fossem abolidos os castigos físicos. A chibatada era a punição. Costume dos escravistas que compunham a maioria do oficialato. O impasse foi contornado, porém os revoltosos foram fortemente punidos com expulsão e  prisão dos líderes. Como João Cândido era reconhecido como líder, sofreu atentado contra sua vida, tortura física e psicológica por parte da Marinha.

 A Marinha, fez com que João Cândido não conseguisse mais outro emprego formal e por isso, ele foi forçado a sobreviver em subemprego.  Já afastado da Marinha, apoiou o Integralismo, o que seria algo contrário às sua posição na época da Revolta da Chibata, e mais tarde foi a favor da Ditadura de 1964. Essa posição hoje é questionável  devido ser perigoso se posicionar contra o governo naquela época poderia perder a vida. Morreu pobre em 06 de dezembro de 1969. A desumanidade a qual os marujos, em sua maioria negros,  eram submetidos. A cor, apenas aumenta o peso da punição. E novamente questionando essa degradante prática, a hierarquia, não a vejo como uma ‘liga’ do grupo, mas a porta para a competição desleal, onde nem todos tiveram as mesmas oportunidades. Quando percebemos o contexto histórico de João Cândido, afirmamos se tratar de um dos heróis brasileiros, por realmente representar esse povo, temperado com muita dor, sangue, lágrimas e luta.

 

 


Francisco José do Nascimento – O Dragão do Mar

 

Mais um brasileiro para nos encher de orgulho. Nasceu filho de pescador e rendeira, neto de escravizados, em 15 de abril  de 1839. E como muitos da classe pobre carregaram o nome da mãe na alcunha. Era o “Chico da Matilde”. Sua mãe criou os filhos sozinha e, por isso o menino Chico começou a trabalhar bem cedo. Estória similar a de muitos brasileiros. Nascem com o destino traçado, pouco ou nenhum estudo, mão de obra pouco qualificada, nunca terá autonomia financeira. Mas o Chico da Matilde desde cedo assistiu a escravidão dos iguais  e se rebelou contra esse sistema injusto de subjugar o outro. Viu o choro de pais que, vendidos para outro lugar se separavam da família. Como prático do porto, transportava em sua jangada os escravizados da praia para a embarcação que os levaria ao seu destino. Junto de outros decidiu não fazer mais esse transporte. Foi a primeira Luz da Liberdade em terras brasileiras, isso em 1884. O movimento abolicionista cresceu a partir do Ceará. Chico como outros,  cometeu erros ele  apoiou os pendores ditatórias de Hermes da Fonseca. Morreu pobre e faz pouco tempo que seu túmulo foi descoberto em Fortaleza.

Busco nesse relato mostrar que heróis não nascem ‘bem nascidos’ e de capa. Heróis são pessoas comuns, insatisfeitos como o seu contexto e agem a partir do seu lugar. É uma lição e tanto para os que insistem em buscar “salvadores da pátria”. Negros sempre foi resistência contra a injustiça que sofriam. Por isso o Grupo. É preciso desmentir a tal “Democracia racial”, que nunca existiu. Muito menos a passividade do povo diante dos desmandos dos governantes. O IHG deve estar atento a esses movimentos populares. Alguém sempre ergue os punhos.

 

 

 


Carolina Maria de Jesus – Escritora

 

Fugindo um pouco da regra, falarei de Carolina, mesmo não tendo sido tema de estudo do Grupo, mesmo assim foram postados vídeos com a sua surpreendente história. O interesse é ser mulher, negra, mãe solo e pobre que se tornou uma referência com seu relato real de uma favelada e da vida sofrida de quem não tem nada nesse país. Nasceu pobre em 1914(?) em Sacramento, Minas Gerais. Foi favelada em São Paulo. Catou papel e lata para criar os três filhos e muita vez recorreu ao lixo para alimentá-los... no lixo pegava cadernos velhos  onde escrevia. Em 1958 foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas que publicou seu diário de nome “Quarto de despejo”. Carolina tratava a favela como o quarto de despejo da cidade (casa grande) despejo=senzala, depósito de vidas descartáveis, as quais a existência é ignorada. Não existem políticas públicas para eles. Os invisíveis. Licença por que já escrevi sobre isso:

 

Invisível

Invisível é a dor do outro

Invisível é a fome, tão íntima

É a humilhação rotineira

O frio do escasso/inexistente cobertor

Eu lho concedi este poder

Não vislumbro sua dor

Sequer suspeito sua fome

Ele está aí, não estando

Afinal não é belo

Enxergar nossa

Decadência!

Sandra Corrêa Nunes

Preciso deixar claro que não se trata de “mi mi mi”! É vida real, com pessoas reais, com problemas reais. Não se trata do ‘dólar’ alto dificultar aquela viagem ao exterior. Essas pessoas reais, que andam de chinelo ou descalças são as mesmas que se revoltam. E se tornam heróis. Carolina tinha o 2º ano do Ensino Fundamental, contudo lia muito, aprendeu sozinha. Na situação dela – milhões de brasileiros que após a escravidão foram deixados a própria sorte, como se tivessem vindo para cá em um cruzeiro! Lembra do início do artigo que trata da manutenção da escravidão dos mesmos personagens negros? Não tem como fugir dessa responsabilidade social. Os brancos no poder criaram e mantém os miseráveis de hoje.  Como o IHG participa mesmo de forma indireta  de projetos sociais e pode se inteirar dos resultados destes projetos para a comunidade, pode cobrar dos responsáveis públicos. Nós estamos pagando por esse presente lotado de passado.

 

 


Vitoriano Gonçalves Veloso – O Conjurado negro

 

             Nosso herói dessa vez nem rosto tem. Como mensageiro de confiança dos Conjurados, devia fazer do sigilo seu meio de ação. Foi tão bom em seu segredo que ainda hoje pouco sabemos dele. O que se sabe era que era ‘pardo’ devido sua descendência  de escravizada e branco. Foi alfaiate e alferes. Condenado ao degredo em Moçambique na África. Além da cor da pele sabidamente associada ao mal, era pobre e não há noticia de descendentes. Existiu o apagamento histórico para que a negritude não fosse associada a esse fato importante -  a “Conjuração mineira”. Esse comportamento é injusto por que impede as gerações futuras de se espelhar em comportamentos revolucionários. Tudo que subverte o status quo, é combatido de forma violenta para que não seja imitado. A falta da imagem tem propiciado a construção de uma imagem genérica, como um ‘retrato falado’ tão comum nos meios policiais.  Existe no Museu da Inconfidência um túmulo com os despojos dos conjurados, por que não a realização de um estudo para que essa imagem fosse conhecida? Má vontade talvez? Para que não ficasse sem a imagem nesse artigo, busquei uma imagem conhecida e marcante  do IHG. O Sr. Geraldo José da Silva,confrade, falecido em maio deste ano de 2021.  Marcante por ser negro e pobre, não era acadêmico, mas reconhecido pelo IHG pelo “Notório saber”. Parece pouco em um ambiente onde o saber formal é cultuado. Que nunca esqueçamos que o saber se constrói de várias formas entre elas pela disposição de aprender.

            Seguimos vivendo nosso presente repleto de passado. Repetindo os mesmos erros e condenando o nosso futuro, pelo simples fato de não aprendermos com o passado. A negritude está aí no nosso viver, no nosso vestir, no nosso comer, no nosso fazer, no nosso ser. Não neguemos nossa identidade!

 

 

Sandra Corrêa Nunes, 18 de dezembro de 2021

 

 

 

 

 

 

 

Referências:

10 expressões racistas

https://www.bbc.com/portuguese/geral-59366676?fbclid=IwAR3rcLrdMzyzajC5eFbmvbWIpbbsZG42WQtj5EiPhIFMVectjSECFUww98s 

Biografia – João Cândido – Lília Schwarcz disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ysmS9QnMLi4&t=11s> acessado em 09/09/2021.

 

Caminhos da reportagem – Carolina Maria de Jesus disponível em

 https://www.youtube.com/watch?v=6AvUP-IoYEo&t=310s acessado em 18/12/2021.

 

Entrevista de João Cândido, 1968 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=y3lfcd9B0mE acessado dia 10/09/2021.

 

GOMES, Carla; Guimarães, Maria Lúcia Monteiro (organizadoras). Estórias por trás da história são-joanense / Carla Gomes, Maria Lúcia Monteiro Guimarães. São João del-rei, MG: Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, 2020.

 

João Cândido, o Almirante Negro, um Herói Nacional!

Luiz Gustavo dos Santos Chrispino - Professor de História, Jornalista disponível em <https://www.palmares.gov.br/?p=56586>  acessado 08/09/2021.

João Cândido, o Almirante Negro da Revolta da Chibata

disponível em: < https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-almirante-joao-candido-revolta-chibata.phtml> acessado em 09/09/2021.

 

Luta das mulheres brancas na luta antirracista  Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LKHMTvvdM9g> acessado em 07/09/2021.

Ossadas de Inconfidentes são identificadas

disponível em: <https://www.museus.gov.br/ossadas-de-inconfidentes-sao-identificadas/> Acessado  em 11/12/2021.

Perfil – Dragão do Mar e a história da Abolição no Ceará

Disponível m:< https://www.youtube.com/watch?v=Pju_WvYfhp8&t=1s> acessado em :10/08/2012.

SACRAMENTO, José A. de Ávila. Algumas considerações sobre o conjurado

VITORIANO GONÇALVES VELOSO. disponível em: WWW.patriamineira.com.br acessado em: 23/08/2021.

 

 

SCHWARCZ, L. M. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil-1870-1930 -São Paulo: Companhia Das Letras, 1993.

 

SCHWARCZ, L. M., GOMES, F. Dicionário Da Escravidão e Liberdade.  Ed. Companhia Das Letras, 2018.

 

 

 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Ponte dos cachorros

 

Arquivo  pessoal

Ganhou outro nome na inauguração, com toda pompa e circunstância que a ocasião pedia para uma cidade do interior. Discurso do prefeito, vereador do bairro próximo, banda de música, pipoca e foguetório. Todos sabiam ser uma obra necessária, devido ao crescimento da região, ao fluxo de carros que circulava e se aventuravam pela precária ponte de madeira. Verdade seja dita, a primeira passagem do lugar eram tábuas dispostas quase tocando curso d'água e poucos corajosos se arriscavam. Segura mesmo era a ponte de concreto mais adiante. Quem transitava era alguns animados por algumas doses de cachaça ou os cachorros que andavam léguas por um namoro. "Habituês" locais eram as lavadeiras com as trouxas de roupa bem levada e passada. Enfim, pessoas que trabalhavam em um bairro e moravam no bairro mais pobre, as vilas. Aí, dá-lhe preconceito. Logo "batizaram" a passarela improvisada de Ponte dos cachorros. O Córrego que corta a cidade, tem lá seus dias de mau humor e quando se revolta com os limites impostos pela a urbanização mal planejada, invade as casas no seu entorno. Invariavelmente a "ponte" descia água abaixo e todos tinham o trajeto aumentado. O transporte na época era a carroça com tração animal até pouco antes da obra de engenharia. Uma ponte ligando os dois bairros com altura para suportar a vazão do córrego na época da cheia e forte para suportar a correnteza. A ponte ficou pronta e cumpriu se papel na ligação dos lados da cidade. Apesar do nome de um engenheiro italiano, poucos sabem o seu nome. Todos conhecem e usam a Ponte dos cachorros demonstrando o mesmo preconceito com as pessoas que lá residem. Hoje fiz esse trajeto e decidi ver a placa para saber o nome da ponte: "Luiz Baccarini". Respeito a obra, á ponte pelo ato de unir cidadanias! Todas são importantes.

Deixa eu passar com o meu Amor

                                                  https://st2.depositphotos.com/4071863/7315/v/950/depositphotos_73158411-stock-illustration-you-make-my-heart-smile.jpg

 O céu desabava em chuva 

Sorrisos travessos se carinhavam

Em algum lugar, não importa

Contava o desejo de amar

Qual cegos tateavam segredos e deliciosa descoberta

Corações acelerados, felizes e cúmplices

Estavam no clímax da felicidade e vontade de nunca mais 

Acabar! O tic tac passava para roubá-los de lá

Travessura deliciosa que deu voz ao segredo tão bem guardado

Dois corações se confessam ao outro pertencer

E a chuva... 

Amanhã, outro dia, outra chuva, distantes e no coração

O segredo, que se fez jura de ser um, outra vez!

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Calvário da Serra (Lenheiro)

 

                                                                     https://sentinelasdaserradolenheiro.blogspot.com/p/nossa-serra-do-lenheiro.html

Antes mesmo de sermos sombra nos Divinos sonhos,

Tu já estavas, chão sagrado da Criação, humano abrigo, tal colo.

Vicejou frutos, percorreu em ti, a alegre fauna.

Certeza de proteção e pão.

Frutos homens, enraizados como a macaxeira,

E a Criação sorria, livre como o peixes no ribeirão e aves no céu.

Pedra estranha e sem gosto, fez gente sem cor e amor aqui chegar.

E a  vida que alegrava seu chão, caçaram, arrancaram, te deixaram ferida a soluçar!

Suas lágrimas desviaram, para mais pedras encontrar.

Mal sabiam eles que tesouro maior era quem habitava lá

Muito pranto rolou, quanto o seu e meu sangue rolou.

E casas estranhas ergueram com pessoas sozinhas que se acotovelavam com sua solidão. 

Onde está o tico-tico, o assanhaço, o inhambu? Fugiram!

Homem sem cor e sem amor quer ser rei de tudo e de todos e continua só e cego para o que realmente é belo.

Não ouve seu grito, seu lamento. Suas lágrimas já quase secas tentam empurrar a lenha e a vida dos que ainda vivem nos restos da exuberância que um dia você foi.

domingo, 12 de dezembro de 2021

ad aeternum

 

https://montink.com/arteiro-rui-apoliano/ad-aeternum1

Que magia louca  que a nós une, 

nos  une no improvável, 

no talvez, 

no quem sabe, 

na esperança  de sermos outra vez nós. 

Por que  já  fomos, 

por que  foi bom, 

por que  por algum  tempo  fomos  eternidade para o outro. 

Faz assim: te quero  mais, 

me quer mais. 

Seremos o quanto  der - nós. 

Contra o estabelecido, 

O por outros determinado, 

Mesmo que um dia tínhamos acordado.

Descobrimos que nós  somos urgência secular.

De ser cumprido ad aeternum.


terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Vou te contar uma coisa

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 Acontecida em dezembro de 2002 e ao que se seguiu. Estava em casa de parentes que são meus amigos aqui. Por motivos óbvios não citarei nomes. Era um churrasco de família onde a fartura era rotina. Muita risada, cenas engraçadas, longas prosas.

     ​Eis que a certa altura e uns goles a mais, o dono da casa disse de forma solene: "Aproveitem o churrasco que pode ser o último!" Pelo tom grave, liguei a fala à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Me solidarizei por que era daquela forma que entendia naquele tempo. Também temia o futuro! Mesmo temendo, comecei a me atentar ao que acontecia ao meu redor.

    O churrasco na dita casa tornou-se semanal. Na minha cidade o "cheiro de churrasco impregnava. Pelas esquinas, tudo era motivo para comemorar. Não só a benção de poder se alimentar com dignidade e pequenos "luxos". Mas o 'dar asas ao sonho'. Todos podiam sonhar! Esse parente cercou a propriedade com cana -de -açúcar para com ela mandar fabricar a cachaça consumida em casa, além de outras benfeitorias. Emprego era fácil e de carteira assinada.

    No meu caso me lembro de ter conseguido o BPC para minha filha. Meu contexto era casada, classe- média baixa, estável e de direita. Divorciada e com uma filha deficiente meu contexto mudou muito e passei a depender do BPC dela, por que sua deficiência é debilitante e retirava a autonomia. Voltei a estudar a distância pela UFJF em seguida fiz uma pós em 2018. Estudo até hoje o que tenho acesso. Hoje percebo a 'carestia', palavrinha que ouvia na minha infância e até esqueci.

     ​Não sei o que o parente está achando disso tudo, mas digo, se saiu da alienação na qual vivíamos, está torcendo para o Lula voltar!

Repara aí: está melhor agora?

  

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Tempo

 

https://www.facebook.com/1140098976060266/posts/6501577583245685/?sfnsn=wiwspmo

Tempo que não tenho

Tempo que não domino

Que não  me abandona

No seu tic-tac impiedoso 

Me faz tua escrava...

O despertador  - chibata.

Hora de ir e vir,

Tempo de alegrar

Tempo de entristecer 

Tempo de  feliz ser

Preciso  da tua permissão!

Tua impiedosa batuta rege destinos 

Caminhos e descaminhos dos teus servos!

Um instante  eterno  de carinho

Você mede - sentencia o fim.

Decide a duração 

Posso guardar na mente e no coração!




domingo, 5 de dezembro de 2021

A liberdade pode te fazer chorar...

 

                                               https://cdn.pixabay.com/photo/2015/04/06/12/39/ave-709243_960_720.jpg

A liberdade pode te fazer chorar...

Voo livre por infindáveis horizontes

Uma árvore aqui,

Um banho de chuva ali,

Vou buscar minha felicidade lá

Um beijo profuuuundo

E uma alma livre encontra sua gaiola.

Já não encontra pouso

Não se banha em festa,

Não busca o que teme perder

o beijo  - alimento

Se tornou vida.

Quando ele voou

Minha alma levou

COLCHA DA VÓ MARIA

Colcha da da Vó Maria DNA parte 2 Somostodos parte de uma Colcha tecida e vivida ao longo dos séculos! O tecelão caprichoso junta Cores, te...