terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

É você?

                                                    https://fecatolica.com.br/fotos/fe_noticias/5185/IMAGEM_NOTICIA_0.jpg?v=3bb9bbfb09726e5

O racismo e a fala, que se faz presente nas expressões e no cotidiano de  negros.  Não faz muito tempo o relato de vida um vereador negro, Renato Freitas, inspirou uma prosa poética  "Nem reluzente (Renato Freitas - Vereador) <https://girassolpoetisando.blogspot.com/2021/07/nem-reluzente-renato-freitas-vereador.html>  onde indignada falo que o branco não suporta ter um negro no mesmo degrau. Desmerece, tenta tirar o mérito. Como podem negar o racismo entranhado nesse sorriso de desdém? A pergunta título não está completa. Ei-la: "É você quem vai me atender?" quem fez a pergunta foi uma paciente branca para uma médica negra <https://www.geledes.org.br/e-voce-quem-vai-me-atender-medicas-negras-relatam-racismo-no-trabalho/?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification>. A dita meritocracia que emoldura diplomas empoeirados, só tem valor quando a pele não é negra?  Quando afirmei em minha prosa:


'Abaixa aí limpando o chão.


O teu lugar é rente onde nunca para o alto possa olhar.


Aí te vejo podendo ostentar Sua Excelência,


Usando o título de doutor, sentando ao lado do patrãozinho,


Teu filho desejando ser PhD em lição que antes era ator.


Ah! Antes que deseje isto, te roubo o diploma, o terno, o perfume!


De suor vai se banhar,


E o único conhecimento que conseguirá é quantas"tarefas" seu dia renderá.


A noite, quando o Amor te fizer rei, condeno teu futuro à servidão.'


É isso! Não adianta o título, a beca, o perfume! A alvura do jaleco com seu nome, não apaga a cor da

pele!

 ISSO É RACISMO!

Então para com esse discurso hipócrita 'estude que você vence' , 'vão te tratar melhor quando tiver um Dr. na frente do nome' O erro vem de longe; cavam abismos em todo seu caminho, quebram sua escada, põem ímã na sua bússola, roubam sua vara de pescar. Não querem que você chegue lá! Lá é o lugar que destinaram para eles, para seus filhos e seu amigos.Os brancos, os que apontam as armas, que te surram, que  matam seus filhos.Que roubam o teu futuro e o futuro deles.Exagero na indignação? Não! Escreva essa lista de injustiças de forma amorosa! Um dia afirmei, que quem só conhece o cemitério como jardim, não tem como cantar flores. Mas temo que essa indignação tome o ar que nos cerca, por que ela é bem maior que eu, quem sou eu? Está aí, se fingindo de morta, em cada velório, no choro desesperado, no olhar injustiçado. Se finge de morta mas tudo vê. E vai cobrar!


sábado, 12 de fevereiro de 2022

Estatística e lágrima

     

             http://gujsp.com.br/wp-content/uploads/2017/08/5349-explosao-da-violencia-em-luziania-gera-terror-entre-moradores_1200x0.jpg

Não tem sido fácil meu encontro com minha identidade. Quando penso que já ouvi coisas demais, outras tantas que me deixam boquiaberta. São relatos doídos de pessoas que se sentindo a vontade - falam de uma dor que sequer sabemos existir! Será que queremos tomar conhecimento dessa dor?     Quando me percebi negra, reagi como pensei ser o correto. Assumi  meu cabelo crespo, e como para mim não foi muito complicado, me questionei por que as outras pessoas não fariam a mesma coisa?


     Não é tão fácil assim! Os negros precisaram desenvolver várias artimanhas para tentarem ser aceitos na sociedade branca e racista, onde o diferente é escanteado, ou mesmo apagado. Não entendia por que minhas tias alisavam o cabelo. Se não agissem assim, não teriam conseguido colocações, relações que antes só brancos ocupavam e conseguiam.


    Ouvi um relato de um jovem que sonhava com uma carreira militar, mas tinha dois "poréns" era negro e  morava em um bairro de fama ruim. Não conseguiu realizar seu sonho. E ele mesmo viu sua mãe ser olhada de "alto a baixo" por uma atendente bancária. Ainda foi menosprezado  ao tentar fazer um depósito por não ter aparência de um correntista "prime". Uma vereadora conta que desde quando se entendeu por gente, sofre racismo. Era literalmente jogada no lixo na escola...


    Não são poucos os relatos de pessoas seguidas por funcionários como suspeitos ao entrar em alguma loja. Isso aprendemos desde pequenos, não usar certas peças de roupas: jaquetas, bonés, mochilas. Mesmo na rua, sempre portar documentos, se tiver além da identidade, a carteira de trabalho assinada...Isso tá complicado. Nem emprego formal tem.


    Do nada, podemos sofrer batidas policiais. O que está errado? A cor, o logar, a hora. mas você chegou lá! O script não diz que ali é o seu lugar. Tua cor não se mistura na cor dominante, você não faz parte, você não é parte. Aí um vento desfaz seu cabelo, a luz revela sua diferença, logo lembram que não devia estar lá. Aí se entrou pela porta da frente, pode ser convencido a não voltar mais lá.


     Pode ser um M8* ou o porteiro, zelador também pode! Existem pessoas que não estão lá, por que não estudam - são estudadas.  Não cuidam do futuro, por que não têm. Por que são invisíveis, por que já nascem sombras. Vivem nas sombras, quando aparecem são varridas para debaixo do tapete e viram objeto de estudo, uma letra, tornam-se estatística e lágrima de alguém.


       *"M8: quando a morte socorre a vida" <https://www.youtube.com/watch?v=TW_ZfyTGNRs&t=1s>

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Racismo e Xenofobia

https://www.yucatan.com.mx/wp-content/uploads/2018/06/racis.jpg

Links compartilhados no grupo para reforço do nosso aprendizado. E como tem sido proveitoso este aprendizado! Não só pelo estudo de personagens históricos, mas trazendo para a contemporaneidade. Como afirmo no artigo “Nosso presente está lotado de passado”

Temas mal resolvidos e encarados do passado, cobram seu preço na nossa realidade. Muito precisa ser feito e resolvido. Na lei  10.639/ 2009, diz no seu parágrafo primeiro : “artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.” Considerando que é uma Lei de 2009, somos ainda analfabetos  nesse aprendizado.  A cultura negra ainda continua silenciada. Onde está o reconhecimento da contribuição do negro na formação da sociedade brasileira?

Em todos os aspectos da sociedade brasileira somos assombrados com o racismo que arreganha os dentes quando tem espaço. Crimes que envolvam a pele negra, são minimizados como se estes crimes fossem autorizados e já fossem permitidos se o alvo fosse de cor negra. “Ah, não é bem assim! “ Veremos se é um exagero. Estatísticas  lhe parecem confiáveis?

Uma manchete:  Anuário: Letalidade policial é recorde no país; negros são 78% dos mortos... <https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2021/07/15/letalidade-policial-e-a-mais-alta-da-historia-negros-sao-78-dos-mortos.htm>

                Com um olhar mais atento a comprovação da realidade estatística, faz a omissão dos serviços públicos como o saneamento básico,  rede escolar,  atendimento de saúde e a segurança de forma reversa, não desempenha seu papel de assegurar a proteção do bem maior que é a própria vida. Ao  contrário a munição comprada pelo dinheiro público encontra como alvo os moradores destes CEPs.

             A população pobre e mal atendida, constrói com seus parcos recursos seus barracos improvisados como sua própria vida, não poupam, nunca sobra do prato de comida.

Que não  reserva por que não sobra!

Se tem almoço, sacrifica o jantar 

Se come hoje, o futuro, Deus provê.”

Essa é a rotina. Poucos são distintamente brancos, o que deixa claro que mesmo estes são prejudicados pela omissão destes serviços. Quem reside em CEPs mais bem atendidos pelos serviços públicos, o racismo campeia também nestes ambientes.

Um militar branco, atirou  em um vizinho negro por que lhe pareceu suspeito por usar mochila...Estereótipo? Uma imagem associada à bandidagem? Com arma na mão facilitada, atira primeiro depois confere! Quando desumanizamos a vítima? Onde está escrito que uma cor de pele vale menos?

Uma família foge de um país destroçado por uma guerra civil, tenta a vida em outro país –  o Brasil. Um país onde existe a “Democracia racial” – famosa, mas ‘fake’! Nem os brasileiros acreditam nisso! Em duas canetadas, destruíram  previdência e direitos trabalhistas. A escravidão já mostra sua cara suja. Come, se trabalhar e nunca aposentar. Trabalhou, não recebeu, cobrou e morreu! Assim negocia direto com o patrão: “um prato de angu e um porrete”. Parece justo?

A população não achou! Talvez tenham se visto no espelho quebrado. Não são brancos, são caçados, são humilhados em suas necessidades, em suas identidades. Eu já tive meu cabelo esticado para parecer domado e mais parecido com o padrão branco de beleza. Dói! Mechas são arrancadas, muito choro e alguns safanões! Será que vale?

São tantos erros, tantos descaminhos, tanto sofrimento que chegamos a um ponto de acontecimentos, que fica difícil negar o racismo e a xenofobia que não só atinge imigrantes de outros países e em relação com emigrantes nordestinos, nortistas  e qualquer um que não tenha nascido no sul e no sudeste sofre com a ‘xenofobia’ local. O menosprezo pelo diferente ganha corpo nestes lugares.  Quando a criação de cotas temos um direcionamento  para correção de rota e assim tentar corrigir muitas injustiças e desigualdades  seculares. Nada mais justo privilegiar aos que desde sempre não têm acesso a formação superior e portanto, poucas oportunidades de crescimento financeiro.

O que não podemos negar é que o racismo e xenofobia estão presentes desde sempre que existe um encantamento pelo sobrenome europeu ou norte-americano. Nossa cultura valoriza o que é de fora e que lembra os colonizadores, que sempre exploraram o povo. Pessoas que têm uma visão eugenista, que não respeitam a diversidade fenótipca e cultural do nosso povo.


domingo, 6 de fevereiro de 2022

Empreendedorismo precariado



https://www.google.com/search?q=empreendedorismo+precariado&client=ms-android-samsung-gj-rev1&prmd=nisxv&sxsrf=APq-WBuJhP359BjCzW-2IWRA6Fzy999mMA:1644181274505&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwis9L_G_Ov1AhU3rpUCHQg2AmIQ_AUoAnoECAIQAg&biw=412&bih=734&dpr=1.75#imgrc=1dRxt7vOw-vdRM

Empreendo de bike

Nas costas seu rango

Carrego minha fome

Costuro o trânsito 

Enfrento o mau humor do patrão, do irmão 

Que também não  tem pão

Que remenda pneu

Que rala a cara no asfalto

Tenta sair inteiro e a magrela ilesa.

Vence mais um dia, com as mãos  vazias.

Dorme enganando a fome e

Se julga pequeno  empresário,

Fazendo  sua parte para a nação!

O novo escravo não  vê que não  descansa

Que não  reserva por que não sobra!

Se tem almoço, sacrifica o jantar 

Se come hoje, o futuro Deus provê

Escravo  não  aposenta - morre e cede a vaga.

A fome produz outro.

Com Ifood, Uber, 99 e suas pernas

Empreendedorismo é a solução - deles!

Você  negocia seus direitos 

Com o taco de basebol.


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Moise

https://www.google.com/amp/s/www.bbc.com/portuguese/media-60252088.amp


Moise

Negras gargantas imploram,

Nossas consciências respinguem

A  eterna areia!

Surra o taco com mãos irmãs acoitadas

Salga as carnes de mar e lágrimas 

Desterradas de lá!

Vestes brancas imundas e sem alma,

Maculam ainda mais esse chão;

Que segue injusto, amaldiçoado 

Fingindo paraiso que nega ser irmão, 

Penou o avô, supliciou o pai, grita o filho

Chora a mais nova geração,

 Desmemoriada cor 

Com lágrimas  esquece a dor que herdou.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Fazer diferença e reduzir a diferença

                                     https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGvIOUFXnQsAm9_DYFFWrgjsarsnqsZWXJJoA6ya7jOoT1TKBKavQKARW5e_maM_Fz_VTb_83wowKWYeUhQTGYJziqcNGJXoi4DhGMQqnXP_4WA8yPyjJ_Y-Vx0EHiigrLIDEDW46Xmon8/s1600/FRATERLUZ+-                          %2BVoc%C3%AA%2Bpode%2Bfazer%2Ba%2Bdiferen%C3%A7a.jpg       
 

Circulando por aí, leio comentários preconceituosos como "bolsas tem porta de entrada , mas não de saída...". isso é dizer, que a pessoa tem opção de precisar ou não de políticas sociais. O "buraco" da necessidade é bem mais profundo do que a política pública. Mas o quanto essa política foi postergada. Algo que começou errado, não poderia ser resolvido apenas com políticas afirmativas. Não se trata apenas de racismo, por que ele foi, é e será a base da tragédia brasileira, mas a desigualdade de classe social, que provê mão-de-obra barata para manter tudo como está. Pessoas que não tem uma educação de qualidade, que não cresceram vendo os pais lendo, dificilmente desenvolverão o hábito de leitura. Então pessoas que tiveram todas as oportunidades de educação, que tiveram os pais como incentivadores da leitura, já entram nessa corrida com um corpo e meio de vantagem. Desde cedo olham os outros pelo retrovisor, enquanto aceleram. Sempre encararão políticas sociais como paternalistas, e têm pronto o discurso de "dar o peixe, mas não ensina a pescar..." Mujica disse: de que vale ensinar a pescar, se não fornece varas. Pois é! Precisei viver na pele o que esse discurso provoca nas pessoas. Desde 2008 escrevo, mas nunca me senti escritora, e numa dessas chances que raramente aparecem na vida de uma pobre,e desconhecida, alguém leu um poema meu. Depois disso o que se seguiu foi espantoso. Minha vida transformou-se. Não fiquei rica, já adianto! Mas essa vivência propiciou o contato com pessoas que antes não sabiam de minha existência e que eu, passaria a vida sem conhecê-las! É isso! Quantas pessoas passam ou passaram pela vida sem ter a oportunidade que tive? Hoje continuo o meu aprendizado, reconheço que tenho muito a aprender. mas sinto que preciso usar essa voz, que hoje sei que tenho, para pedir aos que tem espaço, que ouçam com atenção, aos que nunca foram ouvidos. Isso faz diferença e reduz a diferença. Quando o ato de cobrar um direito pode custar a vida...Alguém se acha dono do outro, para surrar a pessoa até a morte e até o momento ninguém foi responsabilizado. Qual o futuro foi silenciado? Alguém veio de longe buscando uma oportunidade que já foi negada para os que estão aqui, Que justiça é essa? Que país é esse? Que povo é esse? Um povo descartado, negligenciado e odiado! Seja por racismo, por xenofobia, por fome, por segurança ou simplesmente por omissão. Os mesmos que acumulam títulos acadêmicos, riqueza, terras, fartura e tudo isso que nunca foi revertido para grande parte da população.

COLCHA DA VÓ MARIA

Colcha da da Vó Maria DNA parte 2 Somostodos parte de uma Colcha tecida e vivida ao longo dos séculos! O tecelão caprichoso junta Cores, te...